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20.2.05

pagão

amor trazido pelo mar
é regido pela lua
vai embora na maré vazada

povo da rua

risca sua pemba
joga o seu baralho
bate o candongueiro
dorme no telhado

sem título

sempre soube que era pequena e úmida
a fenda feminina ao infinito

sempre soube que os gigantes
não resitem ao perfume dentre seus cabelos,
e a beijar-lhe toda
penetram em sua exuberância

devoram ignorantes
seus enigmas
e ostentam em urros viscerais

quando úmidas se deixam vencer
e lhe arranham a carne
pois lhe desejam assim

pagão

não se decreta a primavera
com flores de plástico
ou cores na tela
mas com o término
lento natural e insubmisso do inverno

8.2.05

sambas de reza

exu de coroa
reinando na rua
sacerdócio e militância
nas esquinas e becos e viadutos

peça licença
que um dia a casa cai
peça sua bênção
mas não peça demais
nunca peça além da conta
exu trata com todos
mas nunca será serviçal

mesa sem cerimônia
vela sem castiçal
senhor das porteiras do mundo
troca de cores no sinal
farinha pouca
o pirão primeiro é dele
senão a rua tranca
a garrafa míngua
você perde a língua
perde tudo e perde todos
se chamá-lo para o mal