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13.11.05

versar de improviso

saravá pelo verso de improviso toda lua cheia deveria ter um nome diferente daquela que vazou senão os rios paravam de correr saravá pelo rio que corre tem que ter outro nome senão os mares eram um só o mesmo que afoga o mesmo que desgraça pescador o mesmo do banho do descarrêgo saravá bruxaria do mar esse povo de netuno que o mar mareja nos olhos de tontura essas filhas de Senhora D'Água que agente entra no fundo e não quer mais voltar na praia quando quer voltar já não pode mais amor de mar não é que nem de mãe quem rege é Senhora d'Água.

improviso

desses dias de lua plena que vazam primavera média às vezes um frio que retorna uma ânsia de queimar incenso de queimar a alma pelo fogo dos sábios de marcar na carne seu chamado com ferro cor e fogo e tornar-se baco mesmo indigno lamber sua buceta que nem machucado correr até o mar sangrando o filho morto na barriga cair gritando pelo dever de se tornar quem nasceste para ser e assim mesmo esperar pela crescente e levantar-se gritando pelo direito de tornar-se quem nasceste para ser e assim mesmo celebrar em seu mergulho no mar de Senhora o respeito pela alma dos afogados

samba de reza

tanto ferro pendurado e couro esticado tudo batendo tambor valei-me São Jorge do ferro da tua lança forja nosso tambor nosso ferro de agogô tambor de cioulo tambor de repique ou repinique isso é coisa do cumpadre dizer dois nomes de uma coisa só pro tambor de chamar as falanges e as caixas de guerra ogum vence demanda tambor de tarol porque tanto criolo tocando na quadra pedindo por ti valei-me aquele que não foge da raia valei-me São Jorge peço licensa pra bater tambor tão bem na tua banda

o cotidiano é a medida

quero ser que nem preto velho, pé no chão de terra, quieto no meu canto só de cachimbada, forte de quem vence o cativeiro,árvore de sombreira e folhagem no chão,saci respeita preto velho, sabe da idade da Terra, conselheiro das primeiras bruxas, aquelas que pariam nas beiradas d'água, preto velho quando não pode dizer esquece ...

12.11.05

o cotidiano é a medida

every day in my life i wanna play, um samba bem cadenciado quase lento e sussurrado para não acordar a morena só de calcinha na cama que depois do orgasmo dá um soninho mesmo naquelas que rebolam o tempo todo com o pau dentro, um samba improvisado que falasse que eu não fico rico mas não vendo meu samba não, não repara no cafofo nem no macarrão de novo, um samba que repetisse que o amor também pode ser simples e pobre, um samba curto porque eu estou morrendo de vontade de me lambuzar nela de novo.

querida umbanda

do livro de roger feraudy :

a umbanda crê num ser supremo, o deus único criador de todas as religiões monoteístas.
os sete orixás são emanações da divindade, como todos os seres criados.
o propósito maior dos seres criados é a evolução, o progresso rumo à luz divina. isso se dá por meio das vidas sucessivas - a lei da reencarnação, o caminho do aperfeiçoamento.
existe uma lei de justiça universal, que determina a cada um colher o fruto de suas ações, e que é conhecida como lei do carma.
a umbanda se rege pela lei da fraternidade universal : todos os seres são irmãos por terem a mesma origem, e a cada um devemos fazer o que gostaríamos que a nós fosse feito.
a umbanda possui uma identidade própria, e não se confunde com outras religiões ou cultos, embora a todos respeite fraternalmente, partilhando alguns princípios com muitos deles.
a umbanda está a serviço da lei divina, e só visa ao bem. qualquer ação que não respeite o livre arbítrio das criaturas, que implique em malefício ou prejuízo de alguém, ou se utilize de magia negativa, não é umbanda.
a umbanda não realiza, em qualquer hipótese, o sacrifício ritualístico de animais, nem utiliza quaisquer elementos destes em ritos, oferendas ou trabalhos.
a umbanda não preceitua a colocação de despachos ou oferendas em esquinas urbanas e sua reverência às forças da natureza implica em preservação e respeito a todos os ambientes naturais da terra.
todo o serviço da umbanda é de caridade, jamais cobrando ou aceitando retribuição de qualquer espécie por atendimento, consultas ou trabalhos. quem cobra por serviço espiritual não é umbandista

o cotidiano é a medida da plenitude

que se dedica aos oráculos, ao sacrifício da palavra à poesia, ao sono depois do almoço, noite do corpo dia da alma,que se dedica ao batuque sagrado ou profano como se não fossem um só,que se dedica ao misticismo devocional,do desenvolvimento do chacra do coração, do amor universal e incondicional à todos os seres e tudo, que se dedica ao misticismo intelectual, de vinculação ocultista, da astrologia, da alquimia, da kabbalah, na linhagem de Thoth Senhor da Magia, que se dedica ao misticismo natural, de raízes dionisíacas, sob a regência de vênus, o entendimento do deus vivo, o transe de possessão ou expressão,a gira na umbanda, o xirê no candomblé, os sabás na bruxaria,a roda dos xamãs, na linhagem de tiphon baphomet "trazer a divindade até a humanidade e fazer a lei divina reinar até mesmo sobre o domínio das sombras" (dion fortune)
transe de expressão, segundo fatumbi, "(...)é um transe onde nos tornamos nós mesmos, um transe de manifestaçõ da personalidade profunda das pessoas"
que se dedica a transformar-se naquilo que nasceu para ser

o deus das bruxas

um deus de cornos espessos de fronte tensa e olhos vermelhos e pupilas dilatadas diante daquela que habita na floresta e impera na lua das primeiras chuvas desde quando mostram suas flores diversas na mata até a lua senhora branca um outro tempo a mesma daquela que arregaça o chão para seus filhos um outro tempo a mesma daquela que ilumina a caça ou escurece no céu desta convém calar-se.
um deus de cornos banhado em sangue de bicho em rodas de nascença e morte da carne de buceta arrebentada de parto um outro tempo a mesma que tocam o chão seus cabelos e se envaidecem na águas frias que carregam pedra abaixo daqueles que se deitam antes de conhecer o amor.
um deus de cornos exuberantes e membro descoberto que ostenta em si mesmo o reino selvagem do instinto não são humanos quando dançam onde reinam na matéria densa que enquanto não apodrece celebram rejubilados.

improviso

minha estação favorita é a primavera quando estamos na primavera, o verão quando estamos no verão, prefiro as putas quando estou com elas e as santas quando estou com as hipócritas, prefiro os dias cinzas quando os dias estão cinzas, os dias quentes quando os dias estão quentes, prefiro o vinho quando bebo vinho, água quando bebo água...
todos os domingos são de oxalá