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25.3.19

Les sons

La Chouette Noire

(Français_ Musique_ Mystique_ Traduction)

                                xxx   

I) Les Sons (La phonétique)

L'usage courant désigne par sons du langage les éléments irréductibles de la chaîne parlée (séquence d'évènements sonores produite dans le langage parlé): voyelles et consonnes.

II) Les phonèmes, la phonologie

Le terme phonème a été employé parfois comme synonyme de son; mais depuis les travaux de l'école linguistique de Prague (Troubetzkoï) cette dénomination este réservée aux unités de la chaîne parlée qui ont une fonction "différentielle", c'est-à-dire servent à des distinctions sémantiques.

11.11.12

fadas


fadas
que lavem
meu sedento parto
sem mácula
em valsas e sarabandas
de cortejo Teu e hierarquia

fadas
que levem
meu ostento fardo
sem lastro
aos bardos e folias
de guitarras lusas e alaúdes mouros

fadas
que cantem
meu ostento fado
teu manto
em salmos e romarias
de liras não esquecidas

fadas
que talhem
minha veste última
sem lápide
mas de frio carrara e pilastra dórica

fadas
que tragam
meu sustento sem tardança
destarte
em ouros e pratarias
de quatrocentos tesouros desenterrados

Guilherme Lessa Gonçalves
Rosário Lírico de Maria

Uma escritura lítero - musical sagrada e mística, teológica, discipular e devocional,de ascese e contemplação, como nas tradições espirituais;

Teoria, frases, arpejos, acordes, escalas, cadências, estudos, versos, parágrafos, discursos, formas literárias e musicais, símbolos, alfabetos, línguas, etc.

Com atributos místicos, como nos ragas hindus, como nos cantos gregorianos, como nos pontos cantados de umbanda, como nos orins e orikis afro-brasileiros, como nos haikais zen budista, como nos contos sufis e nas estórias xamânicas, como nas ordens caligráficas místicas islâmicas;

Para ler, ouvir e tocar como quem reza, como quem medita, como quem serve ao altíssimo;

Aulas, shows e gravações : guilherme.lessa@yahoo.com.br

3.12.10

Camarim

Pequena câmara, usada para concentração antes de uma performance. Local adequado para meditação, para realização de práticas espirituais que conduzam ao estado de consciência de criação artística. No camarim o artista - devoto - discípulo, através de práticas espirituais, pode receber a graça de se conectar com a hierarquia espiritual que atua na esfera da arte e da beleza. Essa hierarquia é chamada pelos hindus de Gandharva, pelos místicos cristãos de Querubins, e os cabalistas se referem `a esta esfera de atuação divina como Tiferet. Mestre Serápis é considerado o regente desta atuação em algumas tradições. A iconografia cristã demonstra exotericamente esta doutrina através de seus desenhos, pinturas e esculturas dos anjos músicos.

1.3.07

minha alma de muitas vozes


o blues é um dos sons de minha alma polifônica

o batuque é um dos sons de minha alma polifônica

o jazz é um dos sons de minha alma polifônica

o choro é um dos sons de minha alma polifônica

o samba é um dos sons de minha alma de muitas vozes

devoto de exu

exu quando tá na zanga
bota fogo pelas ventas
sobe pelas tamancas
exu de lei não tem trapaça

exu tá zangado, tá de bico na esquina, tá bicudo de tocaia,
exu tá de lambuza, bebendo e carburando, tá de riso solto
exu tá de gargalha, exu tá danado, trocando o seis pelo meia dúzia, juntando a fome com a vontade de comer, exu tá de pirraça, exu é torpe para os torpes, exu é santo para os santos

exu tá mancando ou tá de ginga ?
exu tá piscando ou é caolho ?

22.2.07

o silêncio do mercúrio

1 - o silêncio é um mestre que tudo sabe e tudo reponde
2 - o silêncio é um dos nomes de deus manifesto
3 - inscrição encontrada em um mosteiro medieval : "antes de falar esteja seguro de que suas palavras são mais importantes do que o silêncio"
4 - "perguntei um dia ao meu mestre espiritual sobre o sinal pelo qual podíamos reconhecer os homens que conheciam deus e ele me respondeu : 'não são os que chamam o nome de deus, são aqueles cujo silêncio proclama o nome de deus'" inayat khan, sufi iluminado

babá oriki

oxalá é um nome santo das paisagens de sol
tuas tradições senhor
tua presença civilizatória
tuas igrejas desde a primeira morada
tuas línguas desde a primeira prece
a renúncia de seus devotos desde todos os impérios
o jejum de seus sacerdócios

reza dor

que minha avó da umbanda queime muito fumo na sua cachimba por seus filhos porque para evoluir pelo caminho da arte no brasil de sempre tem que nascer de novo samurai, tem que nascer de novo adepto da velha arte, que minha avó da umbanda nos abençoe e nos conduza no tao da arte para que prevaleça a beleza sublime sobre o ouro dos tolos.
que assim seja, querendo deus.
o deus da capoeiragem, o orixá de tudo que viceja rasteiro, o deus da morte e do transe, o deus que rege o delírio do corpo, o deus que rege o tambor, todos os tambores e seus sacerdotes, o deus do ócio criativo, o deus da vadiação, o deus que rege a língua do povo, o deus dos monastérios, o orixá dos votos austeros, o deus dos reclusos...

reza é poesia

padre nosso de pemba e tambor
santificado seja o vosso nome
por todos os povos tempos e aldeias
templos sinagogas e igrejas
tendas quilombolas mesquitas e mosteiros
e no povo da rua do mar e da floresta

poseidon

que o deus do fundo do mar decrete sua tempestade, e avise pelos seus devotos ao mundo dos homens que de tempos em tempos prevalece a severidade, que de tempos em tempos yemanjá é mulher de amor e se entrega em corpo de mulher inteira e todas as súplicas não lhe alcançam, e precipitam-se as águas da purificação e espancam torrenciais, e os rios retomam seus cursos originais, sucumbem cidades, igrejas e coronéis, neste tempo não há partos, são tempos de água que mata, fogo dos temporais, morte bruta, netuno shankar desperto, poseidon também é deus de coroa e reinado ...

ogum oriki

o orixá dos ferros brutos e das ferramentas, o orixá da intervenção civilizatória, da mão de forja, o orixá dos ferreiros e de todos os sete ferros são de ogum ...

omulu oriki (em timbre brasileiro lato)

o orixá da cura, o orixá da morte súbita, do corpo putrefato, orixá da ressurreição, o deus que traz a misericórdia da cura que traz a misericórdia da morte, que rege o que machuca, tanto que ele também regenera, a morte é uma alma-fêmea companheira dos deuses e também tem seu perfume, a morte é uma mulher abandonada que nunca vai embora...

binidito

cavaco de preto velho e ciganaria, para a bardaria negra, cavaco de preto velho e ciganaria para alle gaia, uma outra terra, uma outra presença humana no planeta, a arte como o discurso inefável da alma, cavaco de preto velho e ciganaria para amplificar a dor da devoção, a única dor do sacerdócio, a dor da alma apartada do cosmos inteiro.

13.1.07

alle gaia


alle gaia é a obra da alma, que surge do silêncio interior.
alle gaia é a urgência da criação, uma prática espiritual, uma busca do sagrado na arte, o tao da arte.
alle gaia é um caminho de realização da divindade no humano.
alle gaia concilia arte, filosofia, ciência e tradição espiritual.
alle gaia articula pesquisa criação e ensino.
É uma tradição tão antiga quanto saturno e nanã buruquê.

salve os preto velho

preto velho de pemba e tambor, caboclo das almas e do cruzeiro do céu, de candongueiro e candomblé, ancião de todos os tambores, negro malungo, angoleiro de mandinga e candiêro e tantas dançarias e voz de bênção, batuqueiro de roda de santo, partideiro de ponto cantado, curandeiro de ervas do mato, vestido de branco dos pés à cabeça pelo seu babalaorixá, de vadiação à beira do cais, de vela e café, de reza nagô, de cumpadrio nas esquinas e becos e viadutos, preto velho de aruanada e candomblezeiro, preto velho de luanda e da bahia de todos os santos, preto velho da cidade de são sebastião do rio de janeiro, da baía de guanabara e do outro lado da baía, da lapa dos exus, da igreja da penha em festas, da praça onze, da praça mauá e do mangue, do morro de santa teresa, preto velho do grumari e das ruínas do centro, preto velho bento.

lucifér

A guitarra semi-acústica amarela chama-se lucifér, na linhagem de exu shiva obaluayê.
O dharma de lucifér, guitarra forjada para hermes e afrodite em sacramento, é reconciliar o sensual e o santo, o sexo e a espiritualidade, iluminar a própria sombra de quem a zela em sacerdócio, reunir a genialidade inspirada com a beleza sublime em santidade, para que a fúria da semente não se despedace antes que o perfume da rosa eleve aos céus, e suas pétalas apodreçam no chão.

8.12.06

ALLE GAIA (latim) OUTRA TERRA ( em timbre brasileiro lato)
O dharma da poesia : a vocação da poesia : o dever prescrito da poesia : o chamado íntimo para a poesia : a natureza interior da poesia : a paisagem oculta no enunciado poético têm correspondência com a invenção das palavras sagradas para o nosso tempo em timbre brasileiro lato
Nosso tempo corresponde a Kali Yuga em transição civilizatória
Kali Yuga em timbre brasileiro lato corresponde a Era da destruição, tão linda e sagrada como Kali, fêmea e companheira de Deus :
Santifique suas palavras : torne-se poeta : relate a eternidade para a assembléia de Kali : a verdade é tão bela quanto justa : ou torne-se profeta : cale-se
Poesia é reza no mundo : poesia é tornar sagrada a palavra de novo : como sempre fizeram o povo de santo e as velhas rezadeiras e os palhaços ( a condição suprema dos atores, como dizem os mais velhos do circo)

O dever prescrito : o dharma : a vocação : realizar o sagrado através da arte
A arte como caminho sacerdotal, como senda iniciática, como raja yoga, real união do humano com a divindade, conciliando estudo, para adquirir competência na linguagem da arte; serviço, oferecendo a obra de arte ao mundo como oportunidade de percepção da divindade; meditação, pois no estado de consciência da criação artística temos acesso aos mundos superiores. A obra de arte pode ser uma forma de oração.
Reunir tradições espirituais e tradição culturais, tanto do oriente como do ocidente, de todas as eras desde a idade do mundo, semeando assim uma outra presença humana no planeta

Uma iniciativa aberta a todas as danças, escrituras, cantos, instrumentos, teatros, santos, povos e aldeias
Articular :
Pesquisa : em discos, livros, tradição oral, bibliotecas, em todas as mídias
Criação : desenvolver o estado de consciência de criação artística, que nos eleva a percepção do sagrado e da divindade na plenitude de suas manifestações.
Ensino : ensinar uns aos outros e ao público em geral através de cursos, oficinas, espetáculos etc ...
Bardaria
Pontos versos rezas estórias canções récita instrumental e batuque

Vocação : Religar as tradições espirituais e as tradições culturais de toda e qualquer época e lugar numa visada universalista , com uma aptidão natural para as tradições afro-brasileiras , com uma abordagem interpretativa voltada para o brasil contemporâneo em transição civilizatória , quer dizer , uma arte plena e holística visando uma outra presença humana no planeta .

Bardaria é uma celebração em três tempos , articuláveis ou independentes entre si :

Reza : versos de inspiração, textos, dois dedos de prosa, poesia é reza no mundo, tornar sagrada a palavra de novo

Sambas de Reza : manter viva a tradição da música brasileira que faz o casamento da arte com o sagrado no mundo

Festa : pontos de homenagem e louvação, dança, batuque, samba de caboclo, capoeiragem, todos os tambores

Sobre a instrumentação : voz, violão, guitarra, cavaco, bandolim, baixo, berimbau, cuíca, tamborim, caixa clara, repique, atabaque, surdo, pandeiro, moringa, chocalho, muita palma de mão

Guilherme Lessa de Todos os Santos
Concepção, Produção, direção, arregimentação, composições e arranjos, multi instrumentista e poeta

Evocação : pesquisa criação e ensino : tel – (21) 22817324

Guilherme.lessa@yahoo.com.br

http://transicaocivilizatoria.blogspot.com
Alma - fêmea companheira, alma fálica, minha alma porta punhal e cálice, mar e tridente, liras e tambores, dores e línguas, e uma vontade de tornar-se flor, alma de devoção e morte, filho das yabás e obaluayê, filho de clara e de santa sara escura, aos pés de uma senhora samambaia, alma fálica de exu, alma fálica de shiva, alma fálica de muitos cornos, alma cálice de sangue Pai...
Casa de muitas moradas, nossa casa comum de senhora, alma de muitas asas, alma de encanto pelas fadas, alma de muitas pétalas, alma que lamenta não tornar-se ainda sol, alma de muitos timbres, alma de azulejos, alma de barro vermelho, alma de muitos expurgos e adereços putrefatos, alma esposa de exu para as obras de quimbandaria, alma que habita as encruzilhadas, alma de calunga, alma que habita os expurgos de sangue de todas as fêmeas, alma que habita o mangue, o cárcere místico, o muro devocional, a queda dos pássaros, a forja das taças e espadas, alma de Hades e Belém, alma de retorno à Meca, alma de Israel e Aruanda, alma de arruaça, alma de vadiação e tambor, alma confessa repleta de chagas, alma confessa repleta de chagas ...


Uma mesa para exu
Com toda a fartura deste mundo
Exu devorador do cosmos e das galáxias

E os compadres com o beiço ardendo de cachaça
De beiçada no charuto
Se lambuzando na farofa
Com o beiço cheio de gordura

Um banquete dos demônios
Para os senhores da saciedade

Exu satisfeito arrota na mesa
Que nem os árabes do deserto


Santa sara negra
De exu e sereia
Do mar de quebraria

Santa sara negra
De encantaria e acalanto

Do perdão de coisa feita bruta
Prece travessia
Feito mar de santo

Santa sara negra
Do traçado das rotas

Santa sara negra
Do encanto da encruza

Santa sara negra
De navalha severa de calunga

Santa sara negra
Santa milagreira

O parto da alma também sangra
As mães desse segundo parto
Também urram de dor
E suas bucetas místicas também se arrebentam
Se a alma não é pequena

A alma também se recobre de chagas
Quando a dor é tamanha

A alma também apodrece
Se o corpo é cárcere e não o templo

A alma também se recupera
E nasce de novo

Santa sara negra
De exu e sereia

Traga minha alma diante do sol
E aceite meu templo
Porque eu também sou seu filho
Mesmo com a alma repleta de chagas e humanidade tardia










Desejo em fraternidade e compadrio
A visita das que guardam as escolhas

A visita das que aceitam
Vela marafo e água doce

Das que honram as mãos
Para as obras de justiçaria

Das escolhidas por honra e beleza
Para receberem o caralho de deus


Tarde que resplande
E adorna o alto
Com seu manto de luz
E natureza que arregaça

Queria ser poeta sempre
Para gritar gozando em santidade
Pela presença do espírito - fêmea e santa em tudo
Desde o céu de todas as crenças até o chão do planeta


Quero cantar também o fado das almas,
Arrenda teu canto de chão nas esquerdarias pois que sempre há de vir a ceifa justa, se não tem outro , remenda,
Pomba gira é de renda e namoro, exu tem os chifres de ouro e o rabo de prata e uma lança de três dentes debaixo da capa preta exu ostenta seu caralho nos assentamentos
I


Nossa Senhora do Segundo Parto,
Nossa Santa Mãe de Antes,
Madre Ancestre,
Santa escura da Criação,
Seio da Terra de fartura e nascente D’Água,
Fêmea – Cosmos, Galáxia - Fêmea, Porra – Fêmea de Buceta,
Santificai Madalena,
Santa Beata das Dores do Parto do Apocalipse,
Santificai também as nossas dores,
dai – nos beatitude desde o corpo,
desde a terra, desde o pó até o pó,
santificai Madalena,
amai também a besta que desespera em nós,
entrar dentro de você nos pacifica,
Santificai Madalena !































II


Que a consciência de Cristo – Krishna que habita em Nós esteja nascida de novo,
E que possam nossos olhos do Cristo Interno ver o mundo de novo pela primeira vez,
E que possam nossos olhos do Cristo Interno contemplar a face da Santa Mãe de antes que nos pariu Imáculos,
Nossa Senhora do Segundo Parto,
E que possa nossa voz ser de salvas e bênções,
E professar as escrituras todas como os pássaros em cantares de todas as eras, pássaros e escrituras,
E que nosso peito se oferte em morada para todas as Tuas criaturas, pois É em Ti que elas estão nesta Terra,
E que possamos expressar no mundo os dons e talentos outorgados pelo nosso Senhor que está nos céus, em muitos teares com a hierarquia de Jacó e afiliação Santa de Dêvas e Gigantes de Deus,
Para a glória de todos os Teus nomes de santidades e mistérios e sumas urgias e partos ancestres,
E que nos guardem os Exus e que Tu faças por eles como se fosse por mim,
E que possamos nos tornar uma rosa de sete pétalas, um jardim de sete rosas, que possamos nos tornar uma lótus da lama e das galáxias,
Do infinito onde tudo se recolhe em paz de grave
Do infinito onde tudo se propaga em paz sublime
Que eu me torne um velho aprendiz de sete idades até que todas as tuas eras se realizem.
Amém (com a licença do Mestre)
















III

Corroída em sua irrealeza,
Condenada em sua própria ruína
Que o tempo justiça,
Bebe teu vômito amargo
e se não o destilas
engasga e sufoca,
Apodrece em tua garganta por tanta ignomínia,
Jamais irá destronar aquela que seduz nos céus da noite,
Aquela que sacramenta em eterna aliança,
Mas se recebes em salmo aquela inevitável visita humana,
Talvez ela mensageira se aproxime,
E Ergua em tua fronte
Um Caminho Altíssimo,
E celebre em danças e abraços
Tua oferta de alma em ascenção


IV

Allah eterno de quietude e bonança,
Allah de permanência,
Vou andar pelo deserto todo nu,
E minh’alma também somente ela,
Levado pelo vento até que encontre uma mesquita em ruínas,
Mas uma mesquita para cobrir minha alma e o corpo desta vida,
Este deserto me enche de fé,
Não me aparto de meu deus,
Allah me habite,
Allah me jejue,
Allah me agraçe,
Allah aceite esta carta em timbre brasileiro lato,
Quiçá não me é estranha tua língua santa,
Suas devotas de véu Teus beduínos,
Tua caligrafia Teus Arabescos,
Tua renúncia tua disciplna,
Teu chá impregnante,
Tuas almofadas,
Allah me torne teu anjo na terra




V


O cotidiano é a medida da plenitude



VI



E que a força de todos os rios
Nos levem ao mar de mãe d ‘água,
E que os rios debaixo da terra levantem-se com a fúria das águas da purificação em abundância sem desperdício, em severidade e misericórdia,
E de onde nascem nos mistérios tragam o fértil crescente das opulências da senhora que tudo provê, senhora da terra escura e generosa, cacurucaia, negra e ancestral



VII



Espaço é tolerância obsessiva


VIII

Que o dia irrompa do chão
Em cada sol que explodirá em si,
Envoltos em terra,
E o dia então em desabrigo,
Rente ao nada e a esfera,
Dentre o imenso e nascente penhasco,
Gritos,
Ventre das línguas arcanas do mar ;

Esparsa e sussurrante alvorada,
Persevera,
Que sejam marés em partos álteros,
Destrevas,

E tragas de pássaros a migração





IX


A montanha é um ser de terra em santidade
E a alma dos reunidos em Si Naquele dos que ascendem pelos caminhos do reino dos devas
Habitam em hierogamos o corpo de terra da montanha e sua alma mineral,

A montanha existe em ancestralidade de orixalá
e nanã buruquê também é senhora em sua coroa de mistério,
A montanha é filha do hierogamos de um deva do sol com a terra negra e fêmea e ancestral,
Senhora dos invernos desde a idade do mundo,

A montanha é terra ascencionada,
Sítio sagrado da vontade perene,
Gravidade sublime, senhora conselheira,
Filha dos devas e dos minérios,
Berço das águias e das águas,
Guardiã do fogo do sol,
Das águas do céu e da terra
(das chuvas e dos rios debaixo),

Quando crescer quero ser como babá : um deva gigante do sol para beijar os seios da terra e visitá-la todos os invernos e fecundá-la em amor de santitude e nascer de novo com todas as flores e folhas e frutos desta primasolovera















X


E se fôra Kaiser
Outrora
Ou césar
Califa ou czar

Agora erra no deserto
Enquanto espera a hora
De voltar-se à meca
Ou subir nas colinas
Do lácio e dos lábios de sua outra bisavó pagã
Ouvir de novo como se reza


XI



Em timbre brasileiro lato
Escrito à mão nos desafios da alma no corpo, as kaligrafias da Grande Obra, na linhagem dos querubins, escrituras de labor e oração, no imaginário interno da consciência, no santuário da percepção abstrata, no manancial indiferenciado da gravidade donde os símbolos emergem ante seus cantares, no transcurso da vida desde a idade do mundo, na forja do eterno retorno das línguas, no lodo matrimonial da terra e do fogo, na esfera auto-plena –circunflexa dos ciclos, no espanto da plenitude dos céus na terra.


XII


Dedicar-se ao aperfeiçoamento do ser,
Ao dharma da alma, que a alma fale ao mudo no uso da voz de bênção, glória e louvores ao mais alto, descerrar a visão do Cristo Interno, a remissão dos pecados, expressar no mundo os dons e talentos outorgados pelo nosso senhor supremo, honrar a onipresença do Espírito
Santo em Labor e oração, guardar a alma no corpo com sete rezas, sorver a paz profunda manifesta no silêncio e no jejum



XIII



Que estas velas acesas evoquem ante minha visão interior e ao redor de mim em ternura radiante a presença dos santos e dos anjos e das musas em comunhão e permitindo a tradição da poesia geração que vai geração que vem possa o poeta sob o sol e sob a lua celebrar de novo a existência humana em graças e louvores para o altíssimo
E que as ervas do chão da terra em união sagrada com o fogo realizem os votos como nas velhas urgias,
Ele o deus que habita em tudo
Ela a deusa habitada
E pelos fumos se façam presentes


XIV

Não se decreta a primavera
Com flores de plástico ou cores de artifício
Mas com o término lento natural e insubmisso do inverno



XV


Os exus são os nomes de deus na magia em timbre brasileiro lato
Na era de kali
Tão linda e sagrada como a fêmea e companheira de deus Shiva Maha Deva


XVI


Estar quieto no meu canto
E todo meu ser de morada n’alma
Em abraço de plena entrega aos pés de nosso senhor
Devoto das santas almas de terra escura
Devoção de zelo,
De bem querença, de bendição,
Devoção de rezar vela e ervas de cheiro, dedicado aos velhos aprendizes



XVII

E que o deus manifesto nas folhas
Torne impregnada minha alma de sua presença
E o corpo volte a ser galáxia
E o deus manifesto no sol
E diante dele a alma plena de arder
Torne-se nascente a cada dia de arregaço
Mesmo no inverno torrencial

E a terra ama tanto o sol
Que estão sempre em danças os mares
Estão sempre jogadas a seus pés
As cachoeiras e as cascatas mais sublimes de tão altas também se deitam por ti,
E os rios e suas margens nuas
E as lagoas que te acolhem no tarde de teu ser
Onde tu se miras vaidoso
Êpa Babá !

Que deus seja louvado por todos os seus nomes de santidade, mistério, magia e iniciação !


XVIII


Esta súplica refere-se ao meu mestre espiritual, para que Ele aceite estas cartas como minha reverência, como minha devoção, como meu ser inteiro prostrado ante seus divinos pés de lótus,
Que Ele a aceite pela sua imaculada misericórdia, pois estou entregue a ele que é único em minha vida ...














XIX


Alma que guarda ainda o latim, o dialeto toscano, as vogais sibilantes do sussurro, língua diversa no metro de beira e mar de além, alma que repousa nas pedras do muro, nas pedras de outro astro, nas pedras e turquesas de um jardim qualquer, de praça turca, de valsa polaca e judia russa, de cheiro de vaca santa, de pensamento bruto como se no crânio pulsasse um nervo, como se nos olhos houvesse um osso, e na casa de defunto mesmo sem retrato ele permanecesse, alma que se banha na água fria, cachoeira e mar de penhasco, nos afluentes do inverno, nos afluentes do inverno, nos afluentes do inverno, alma que sabe das afinações dos alaúdes em segredo, de uma teorba em mãos de encanto, de um chifre feito cálice unguento ...


XX


Anseio minha alma de fogo neste ilê de barro honrar a oportunidade da coroa santa, da coroa mística e de magia e assim trazer a união entre todos os reinos vivos (espelho d’água do céu) ao reino humano, e entre o reino dos vivos e dos mortos coroar-se aos santos e tornar-me seu primeiro filho como na origem de tudo e ser de todos o portador da insígnia de sua ancestralidade terrena e cósmica e ser o súdito entre os homens em sues sítios sagrados, o dos santos e não dos homens,
e guardar seus mistérios pelos tambores,

Saravá Oxum mãe d’água das noites !














XXI

Que meu corpo vibre de sol mais velho
Que meu corpo arda de sol mais velho
Que meu corpo esteja vivo
Em oferta diante do sol mais velho
Que meu corpo revele sua mensagem
No mundo do lado de cá

Oxalufã

Senhor do sol mais velho
Dono de mim no corpo

Quero me tornar um velho caboclo de oxalufã
De longos cabelos brancos para a contemplação do poente
Esperado por rezas poemas e canções sagradas,

Oxalufã Orixalá !



XXII

Uma tradição patrística e matriarcal, congregacional e missionária, de confrades, compadres e comadres,
De rabinos reverendos e pastores, paróquia clerical e leiga,
Teologia discipular, forja de temperanças e oratórias, Cátedra de Deus

5.10.06

sem título não é um título

uma carroça nesta era de kali para as obras de quimbandaria e ciganagem
por todos os nomes de deus em todas as suas línguas...

reza e poesia

honras e louvores `aquela que habita em eternidade e resplandência
nas lagoas porque em sua vocação batismal pacifica-se minha besta,
louca para se lambuzar insaciável nos despachos e expurgos de tanta mundaneidade ...

4.10.06

reza

e que a força de todos os rios
nos levem ao mar de mãe d'água

e que os rios debaixo da terra levantem-se com a fúria das águas da purificação em abundância sem desperdício, em severidade e misericórdia,

e de onde nascem nos mistérios tragam o fértil crescente das opulências da senhora que tudo provê, senhora da terra escura e generosa, cacurucaia, negra e ancestral.

reza

nossa senhora do segundo parto,
nossa santa mãe de antes,
madre ancestre, santa escura da criação, seio da terra de fartura e nascente d'água,
fêmea-cosmos, galáxia-fêmea, porra-fêmea de buceta,
santificai madalena,
santa beata das dores do apocalipse, santificai também as nossas dores, dai-nos beatitude desde o corpo, desde a terra, desde o pó até o pó, santificai madalena, amai também a besta que desespera em nós, entrar dentro de você nos pacifica, santificai madalena !

reza é poesia

nesses dias frios em que a alma se espelha, nesses dias cinzas em que os olhos preferem fechar-se e a alma suplica pelo sono irmã da morte, nesses dias tristes para os tristes, nesses dias feios para os feios, nesses dias de tempo fechado e ruído
lembra dos irmãos de guarda que estão à frente seja tempo pensamento ou caminho

não há tempo ruim
porque não se trata da vontade humana
mas do orixá das épocas e dos temporais

reza é poesia

senhora do amor, senhora da bonança, voz de acalanto na noite escura da alma, adormeça nossa consciência em teu seio, acaricie também nosso animal
que a paz dorme eterna em teu leito ...

reza é poesia

uma linda cabocla de oxum
de longos cabelos negros
como as águas da noite

reza é poesia

andanças para propagar o verso de devoção, caminho de reveranças, a arte como presença no mundo, o improviso na arte como uma manifestação da impermanência, tornar sagrado o instante para a sagração das obras de venusaria com a ciganada de lei na linhagem de sara,
bardo das sereias de todas as águas, das fadas da terceira margem,

eu atravesso o rio na canoa, moço
porque de barco grande eu não sei quem está no timão.

reza é poesia

Possa o eterno em cantares encontrar morada
nesta terra entre aqueles que honrarão seus nomes em tudo
nos partos e ceifas do senhor das eras;

E as honras de um cigano de lei, devotos de sara, uma carroça repleta de camaradas, todos os tambores, propagando as artes e as tradições espirituais reconciliadas, salve a lei de pemba, a consciência humana em estado sublime, em aliança com os anjos e os devas da poesia, da paisagem, de todoas as línguas e das estranhas, das entranhas de deus.

26.3.06

sem título não é um título

Busco ser digno da poesia, que em timbre brasileiro lato escreve-se comigo, escreve-se com o mundo, escreve-se com aquele que são muitos (Elohim).
E deixo-me ir deste mundo cão, pois no fim da tarde minh'alma também se põe...
espero na porta a chegada de meu dono

o dharma da poesia

inventar as palavras sagradas para o nosso tempo, kaliyuga em transição civilizatória, em timbre brasileiro lato

Salve as almas

É vovó Maria Conga das Almas, uma santa senhora de Deus, quem está dando à luz meu espírito imortal e eterno nos desafios de minha alma tão antiga neste corpo de terra, forjado como barro para ser o ilê das antigas tradições entre os homens, jamais interrompidas, de onde emana em uma e mesma vibração, a expressão fluente da diversidade divina através de suas leis eternas.
E a rosa mística de meu coração, a flor de lótus de doze pétalas de meu ser eterno imortal e permanente, dedico eternamente à vovó maria conga das almas, minha mãe espiritual mística santa e de magia, e ofereço esta flor ao mundo para que a Terra mística e o planeta Terra tornem-se um só, como una é a plenitude do infinito sem início...
Que assim seja graças a Deus

carta cigana

Kaliyuga em transição civilizatória

Da estrada santa

Guido o Velho, cigano que guarda meus caminhos em nossa sanga, que eu seja digno de sua presença em minha coroa, e juntos possamos honrar nosso povo cigano ancestral...

Guido o Velho, cigano de beira de estrada, cigano de beira de rio, cigano de beirada de precipício, da escola da vida de muitas encarnações, cigano bem vindo de muitos lares, de muitas mulheres e poucos amores, com a alma repleta de chão, sabedor das línguas e seus sotaques, da arte do punhal e seus dois lados, dos desafios da palavra e seus dois mil lados, conhece o caminho de volta, atravessou o labirinto, velho caminhante de olhos escuros e uma pequena noite no olhar, do conclave dos sacis, parceiro dos cegos violeiros e do povo da encruza, o canto é eterno, o cantador apenas seu servo...
Guido o Velho, celebramos nosso Deus na floresta onde encontro em silêncio as leis internas da consciência, celebramos nosso Deus tornando sagrada a palavra pela poesia...
E entre outros de seu povo chamam-lhe o velho do oráculo, e lhe estendem a mão, e mesmo velho mesmo as mais belas entre elas lhe estendem as mãos...
E as cartas ciganas nos oferecem a oportunidade de cumprir um de nossos deveres prescritos, qual seja o de ser a expressão fluente da diversidade divina através de suas leis eternas...

Louvado seja nosso Deus por todos os seus nomes povos e aldeias
E Deus tenha misericórdia deste velho aprendiz.

Da Estrada Santa

Kaliyuga. Da Estrada Santa

Eu vou pela beira da estrada
Eu vou pela beira do rio
Quando chega na beirada
Eu vôo pelo precipício...

Da tradição dos ciganos cantadores, dos cegos violeiros, dos poetas miseráveis, dos que cantam na feira e catam seus restos com dignidade, dos que seguem o circo mas não para sempre, dos que usam da mão de exu na viola, no tambor e na navalha, dos que usam a mão de exu na despedida e no baralho, dos que pedem licensa nas encruzas e não demoram nas esquinas, dos que descansam nos telhados,
Da tradição dos que não ganham, da tradição dos que não perdem, da tradição dos que apenas trocam, dos que tocam o fundo do poço porque anseiam pela água clara e mais pura, mesmo que morram soterrados, e seus corpos na terra, despidos, junto da raiz do mais antigo baobá, crescendo até que transpasse a própria orbe da terra, e cresça ainda mais agora indiferenciado de tudo na escuridão, que sejamos dignos desta tradição, porque do lado de cá é tudo de barro, mas do outro lado o caminho não tem chão, e lá só chega o que o vento carrega, o que escorre na água, e lá só permanece o que o fogo não queima, porque também é fogo, e acaso entrar em desobediência o que não é fogo, vai arder em chama severa, e retornar à forja, calar-se em dor...

Os nomes de Deus em timbre brasileiro lato

Kaliyuga em transição civilizatória
Da calunga mística e santa e de magia

Exu caveira, joão dos mortos, joão dos renascidos, santo devoto dos esfarrapados, dos fudidos e mal pagos, dos encarcerados,
ao seu altar os humilhados erguem os olhos de novo, e se levantam do chão,
que sejamos um na encruza,
que sejamos um na calunga,
no abraço dos afogados, no tiro de misericórdia, na extrema unção dos desesperados,
exu caveira, joão da outra banda, mão severa de navalha, mão de bênção, lei da salva, mãe de abrigo para o filho de escurraça, mãe de colo para o filho de pirraça, mãe de fiar junto dos canalhas, nó de corda de enforcado, demônio dos profetas, lúcifer do cemitério, mercúrio dos silenciados, senhor das encruzilhadas, separa o que é injusto de estar junto, repara e ajunta até ficar justo de novo, diabo de ogum, anjo do ventre da morte, poeta das sibilas, anjo satã, santo adversário...
salve a lei de quimba...

Os nomes de Deus em timbre brasileiro lato

Kaliyuga
Da encruza mística e santa e de magia

Zé dos pilantras, satã de madame,da vadiagem santa, do ócio criativo,
que sejamos um na encruza, batuqueiro de roda de santo, partideiro de ponto cantado, dança como mulher, luta como homem, capoeira nataraja, bate o candongueiro, joga o seu baralho, risca sua pemba, dorme no telhado, criolo de cacurucaia, marginália sagrada, da laia de lázaro, anjo quilombola, da vanguarda macumbeira, mandingueiro de reza e curimba, pemba e tambor, da conjura dos pretos-velhos, samba de encantado, gênio do que o povo sabe...
Salve a lei de Quimba...

invocação de cristo

Cristo dos leprosos
Cristo dos enfermos
Cristo dos cegos e aleijados
Cristo das putas
Cristo dos ladrões
Cristo da Ressurreição...

Vinde até nós e dai-nos a vida eterna.

Amém

17.2.06

orat

Que deus esteja conosco por todos os seus santos nomes
e que sua Presença entre nós seja louvada em Labor e Oração,
E que nosso Senhor tenha misericórdia deste velho aprendiz,
Que assim seja graças a Deus.

31.12.05

vênus gangrena

de buceta mal lavada escorrendo pus e porra, os grandes lábios mutilados que não cicatrizam nunca,se masturba com gilete urrando de prazer e sonha em acordar cuspindo os dentes e se excita com o fedor dos cantos urinados por mendigos e cães com sarna...

aforismas

O que nos oprime é a semelhança entre os que se pretendem inimigos.

sem título não é um título

não me interessa a especificidade do ofício.
limito-me ao ruído branco que a poesia amplifica.

harmonia

"Simultaneidade sonora (acordes) e suas possibilidades de encadeamento, tendo em conta seus valores arquitetônicos, melódicos e rítmicos, e suas relações de equilíbrio".
Schoenberg

sem título

E foram tantas as versões
que eu preferi o silêncio,
ou ainda, um verso simples :
palavras só convencem aos que faltam palavras.

26.12.05

tornar-se quem nasceste para ser

Quimbandeiro de calunga, partideiro de ponto cantado, curandeiro de erva de fumo, de erva mascada, de banho de erva, fala na língua da caboclada do mato, bate tambor na beira do mar e já enamorou sereia Ijexá elas dançam em roda de saia rendada, da falange do povo da rua não carrega embrulho

ponto cantado de partideiro

Olha a pinta daquele malandro
com aquela mulambo do lado
tem um cão vira -lata como guia
e uma cabana sem cercado
quando passam em uma encruza
ela sempre consulta o seu carteado

Olha a pinta daquele malandro
com aquela mulambo do lado
tem ervas frescas na cozinha
tem ginga de preta no rebolado
quando estão com alguma quizila
eles usam vela e o ponto riscado

5.12.05

salvem

umbanda querida candomblé misterioso

13.11.05

versar de improviso

saravá pelo verso de improviso toda lua cheia deveria ter um nome diferente daquela que vazou senão os rios paravam de correr saravá pelo rio que corre tem que ter outro nome senão os mares eram um só o mesmo que afoga o mesmo que desgraça pescador o mesmo do banho do descarrêgo saravá bruxaria do mar esse povo de netuno que o mar mareja nos olhos de tontura essas filhas de Senhora D'Água que agente entra no fundo e não quer mais voltar na praia quando quer voltar já não pode mais amor de mar não é que nem de mãe quem rege é Senhora d'Água.

improviso

desses dias de lua plena que vazam primavera média às vezes um frio que retorna uma ânsia de queimar incenso de queimar a alma pelo fogo dos sábios de marcar na carne seu chamado com ferro cor e fogo e tornar-se baco mesmo indigno lamber sua buceta que nem machucado correr até o mar sangrando o filho morto na barriga cair gritando pelo dever de se tornar quem nasceste para ser e assim mesmo esperar pela crescente e levantar-se gritando pelo direito de tornar-se quem nasceste para ser e assim mesmo celebrar em seu mergulho no mar de Senhora o respeito pela alma dos afogados

samba de reza

tanto ferro pendurado e couro esticado tudo batendo tambor valei-me São Jorge do ferro da tua lança forja nosso tambor nosso ferro de agogô tambor de cioulo tambor de repique ou repinique isso é coisa do cumpadre dizer dois nomes de uma coisa só pro tambor de chamar as falanges e as caixas de guerra ogum vence demanda tambor de tarol porque tanto criolo tocando na quadra pedindo por ti valei-me aquele que não foge da raia valei-me São Jorge peço licensa pra bater tambor tão bem na tua banda

o cotidiano é a medida

quero ser que nem preto velho, pé no chão de terra, quieto no meu canto só de cachimbada, forte de quem vence o cativeiro,árvore de sombreira e folhagem no chão,saci respeita preto velho, sabe da idade da Terra, conselheiro das primeiras bruxas, aquelas que pariam nas beiradas d'água, preto velho quando não pode dizer esquece ...

12.11.05

o cotidiano é a medida

every day in my life i wanna play, um samba bem cadenciado quase lento e sussurrado para não acordar a morena só de calcinha na cama que depois do orgasmo dá um soninho mesmo naquelas que rebolam o tempo todo com o pau dentro, um samba improvisado que falasse que eu não fico rico mas não vendo meu samba não, não repara no cafofo nem no macarrão de novo, um samba que repetisse que o amor também pode ser simples e pobre, um samba curto porque eu estou morrendo de vontade de me lambuzar nela de novo.

querida umbanda

do livro de roger feraudy :

a umbanda crê num ser supremo, o deus único criador de todas as religiões monoteístas.
os sete orixás são emanações da divindade, como todos os seres criados.
o propósito maior dos seres criados é a evolução, o progresso rumo à luz divina. isso se dá por meio das vidas sucessivas - a lei da reencarnação, o caminho do aperfeiçoamento.
existe uma lei de justiça universal, que determina a cada um colher o fruto de suas ações, e que é conhecida como lei do carma.
a umbanda se rege pela lei da fraternidade universal : todos os seres são irmãos por terem a mesma origem, e a cada um devemos fazer o que gostaríamos que a nós fosse feito.
a umbanda possui uma identidade própria, e não se confunde com outras religiões ou cultos, embora a todos respeite fraternalmente, partilhando alguns princípios com muitos deles.
a umbanda está a serviço da lei divina, e só visa ao bem. qualquer ação que não respeite o livre arbítrio das criaturas, que implique em malefício ou prejuízo de alguém, ou se utilize de magia negativa, não é umbanda.
a umbanda não realiza, em qualquer hipótese, o sacrifício ritualístico de animais, nem utiliza quaisquer elementos destes em ritos, oferendas ou trabalhos.
a umbanda não preceitua a colocação de despachos ou oferendas em esquinas urbanas e sua reverência às forças da natureza implica em preservação e respeito a todos os ambientes naturais da terra.
todo o serviço da umbanda é de caridade, jamais cobrando ou aceitando retribuição de qualquer espécie por atendimento, consultas ou trabalhos. quem cobra por serviço espiritual não é umbandista

o cotidiano é a medida da plenitude

que se dedica aos oráculos, ao sacrifício da palavra à poesia, ao sono depois do almoço, noite do corpo dia da alma,que se dedica ao batuque sagrado ou profano como se não fossem um só,que se dedica ao misticismo devocional,do desenvolvimento do chacra do coração, do amor universal e incondicional à todos os seres e tudo, que se dedica ao misticismo intelectual, de vinculação ocultista, da astrologia, da alquimia, da kabbalah, na linhagem de Thoth Senhor da Magia, que se dedica ao misticismo natural, de raízes dionisíacas, sob a regência de vênus, o entendimento do deus vivo, o transe de possessão ou expressão,a gira na umbanda, o xirê no candomblé, os sabás na bruxaria,a roda dos xamãs, na linhagem de tiphon baphomet "trazer a divindade até a humanidade e fazer a lei divina reinar até mesmo sobre o domínio das sombras" (dion fortune)
transe de expressão, segundo fatumbi, "(...)é um transe onde nos tornamos nós mesmos, um transe de manifestaçõ da personalidade profunda das pessoas"
que se dedica a transformar-se naquilo que nasceu para ser

o deus das bruxas

um deus de cornos espessos de fronte tensa e olhos vermelhos e pupilas dilatadas diante daquela que habita na floresta e impera na lua das primeiras chuvas desde quando mostram suas flores diversas na mata até a lua senhora branca um outro tempo a mesma daquela que arregaça o chão para seus filhos um outro tempo a mesma daquela que ilumina a caça ou escurece no céu desta convém calar-se.
um deus de cornos banhado em sangue de bicho em rodas de nascença e morte da carne de buceta arrebentada de parto um outro tempo a mesma que tocam o chão seus cabelos e se envaidecem na águas frias que carregam pedra abaixo daqueles que se deitam antes de conhecer o amor.
um deus de cornos exuberantes e membro descoberto que ostenta em si mesmo o reino selvagem do instinto não são humanos quando dançam onde reinam na matéria densa que enquanto não apodrece celebram rejubilados.

improviso

minha estação favorita é a primavera quando estamos na primavera, o verão quando estamos no verão, prefiro as putas quando estou com elas e as santas quando estou com as hipócritas, prefiro os dias cinzas quando os dias estão cinzas, os dias quentes quando os dias estão quentes, prefiro o vinho quando bebo vinho, água quando bebo água...
todos os domingos são de oxalá

2.7.05

uma mulher que ainda não chegou

aquela que traz o inverno nas entranhas,
terra úmida e escura
que aceita e propaga,
como será a primavera
se dentro de mim
você sempre floresce ?

aquela que permanece
mesmo quando a lua míngua,
mesmo quando as outras vão embora na maré que vaza,
e entre as ruínas da torre ela permanece,
porque as torres são coisas dos homens
e os encontros não.

aquela que traz os ventos de gêmeos,
minhas velas erguidas na tormenta,
ergidas quando a lua alta
quando o sol se ergue,
minhas velas erguidas porque no mar
o destino nos conhece.

aquela que aparece quando o arcano se revela,
aquela que vejo nua mesmo quando não se despe,
aquela que permanece porque não me pertence,
aquela que mesmo ausente dentro de mim permanece

2.5.05

salve os mais velhos

negro que banza
na beira da mata,

que beiça o cachimbo de barro
café e catarro de fumo de bolso,

que sorri das verdades do mundo
e amansa essas moças tão brancas
tão secas de saudade nos olhos profundos

quanta noite sem sono
quanta filha profana
distante do encontro consigo,

fogem de casa namoradeira
perdidas na brasa
retornam de escarradeira

negro que banza
e que beiça o cachimbo
sua negra também foi embora
sorria comigo
se o amor é mesmo tristeza no fim

sem título

E se fôra kaiser
outrora
ou césar
califa ou czar

agora erra no deserto
enquanto espera a hora
de voltar-se à meca

ou subir nas colinas
do Lácio e dos lábios
de sua bisavó pagã
ouvir de novo como se reza

9.4.05

as quatro ecologias

Este opúsculo inscreve-se voluntariamente com entusiasmo ( OS DEUSES E DEUSAS INTERNOS VIVOS EM MINH’ALMA PAGÃ ) no paradigma político-econômico da Doação, das Redes de Trocas, e da Sócio-Economia Solidária.
Ele pretende ser um dos articuladores de minha manipulação sapiençal, que pode ser compartilhada e enriquecida através de Encontros Dialógicos (individual) e/ou Círculos Holísticos (coletivo). Ambos têm como vocação :

 Estudar os principais textos e autores representativos da holística e desenvolver, através da experimentação, a consciência do novo paradigma holístico ;

 Experimentar, em conjunto, caminhos vivos de condução à vivência holística ;


 Exercitar a transdiciplinaridade e promovê-la na sociedade ;

 Estudar os textos básicos das grandes tradições espirituais, focalizando sua consciência e complementaridade com as ciências, artes e filosofias de vanguarda ( e não “vã guarda”) ;

 Celebrar a vida em toda a sua plenitude com simplicidade ;




As Quatro Ecologias
Uma abordagem holística do humano, da natureza, do cosmos e do sagrado

Sobre a Abordagem Holística : O Paradigma Holístico :
A abordagem holística pretende estabelecer pontes sobre toda espécie de fronteira e de reducionismo, insistindo no trânsito entre ciências, artes, filosofias e tradições espirituais, conforme nos diz Pierre Weil. Etmologicamente significa totalidade, do grego holos. Refere-se `a uma compreensão da realidade em função de totalidades integradas cujas propriedades não podem ser reduzidas `a unidades menores, conforme nos ensina Fritjof Capra.
A abordagem holística tal como a instituímos não se confunde com a interdisciplinaridade e/ou com a multidisciplinaridade, sendo a transdisciplinaridade admitida desde que exercida como meio (e não como fim em si mesmo nem como desespero disciplinar de sobrevivência) para a superação do paradigma disciplinar. A voz do teólogo (Leonardo Boff) torna-se complementar : “(...) o holismo (...) não significa a soma dos saberes ou das várias perspectivas de análise. Isso seria uma quantidade. Ele traduz a captação da totalidade orgânica e aberta da realidade e do saber sobre esta totalidade. Isso representa uma qualidade nova”.

Seguem-se algumas outras sínteses do paradigma holístico citado por Pierre Weil e Roberto Crema :

 “este paradigma considera cada elemento de um campo como um evento que reflete e contém todas as dimensões do campo
(metáfora do holograma). É uma visão na qual o todo e cada uma de suas sinergias estão estreitamente ligados, em interações
constantes e paradoxais” (constante na Carta Magna da Universidade Holística Internacional) ;

 “A natureza do átomo não é dada simplesmente por ele, isoladamente, mas por sua interação no seu Universo envolvente : a realidade física consiste de envolvimento, superposição e de sistemas dinâmicos e interativos de energia. Enfim, nenhum elemento possui real identidade e existência fora do seu entorno total ; os nossos conhecimentos são provenientes de nossa própria participação e interação nos processos do Universo, o que nos habilita a contribuir para o aprimoramento desses processos, através da dimensão qualitativa da consciência ; além da análise, a síntese é central na compreensão do mundo : conhecer algo implica em saber sua origem e finalidade ; a matéria não é passiva ou inerte, já que é dotada de energia e intencionalidade ; os elementos inanimados se organizam em complexos sistemas de interação. O universo é uma realidade auto-organizante : é total e inteligente “ (Brian Swimme) ;

 “A consciência ordinária compreende apenas uma parte pequena da atividade total do espírito humano ; a mente humana estende-se no tempo e espaço, existindo em unidade com o mundo que ela observa ; O potencial de criatividade e intuição são mais vastos do que ordinariamente se assume ; A transcendência é valiosa e importante na experiência humana e precisa ser abrangida na comunidade orientada pelo conhecimento “(Stanley Krippner) ;

Trata-se ainda de uma abordagem que recusa a estúpida pretensão do monopólio disciplinar sobre o conhecimento.

Vocação Existencial : perfil místico : carta do caminho : do céu e da terra :
A Grande Obra : Opus Vitae



Em seu livro O Destino do Homem e do Mundo (Ensaio sobre a Vocação Humana), Leonardo Boff apresenta uma das questões fundamentais para o conhecimento de si, dos outros e do mundo :
“Que voz se faz ouvir dentro da vida do homem e do mundo que constitui a cantiga essencial e o sentido profundo do mundo e do homem ? A que eles são chamados e vocacionados ? “

Nas teias da abordagem holística da realidade, este texto propõe que estamos sendo chamados (vocação, etmologicamente) neste planeta, neste tempo e lugar para :

Reconhecer nossa própria dimensão divina e exercê-la na terra
(Ecologia do sagrado)

Nas teias da tradição da kabbalah :
“A função de Adão Kadmon, diz-se, é agir no mundo manifesto como contínuo contrapeso ao lado imanifesto da existência. Este processo está em ação AGORA, neste exato instante, sendo cada momento um drama universal de contrabalanço contínuo. A escala deste equilíbrio é de tal ordem que cada acontecimento está envolvido, do mais vasto evento cósmico à menor ocorrência à beira do vazio” (Z’ev ben Shimon Halevi) ;

Nas teias da tradição da alquimia, a partir da idéia da re-união de muitas coisas em uma unidade, estamos sendo chamados para
“que todos sejam um em um círculo” ;

Nas teias da tradição crística, tal como recebida e transmitida pelo incorruptível teólogo e sacerdote Leonardo Boff :
“O homem é invocado a ser totalmente ele mesmo na realização de todas as capacidades que latejam dentro de sua natureza. Ele é constituído como um nó de relações voltado para todas as direções, para o mundo, para o outro e para o absoluto” ;

Nas teias da psicologia analítica : “Uso a palavra individuação para designar um processo através do qual um ser torna-se um ‘individuum’ psicológico, isto é, uma unidade autônoma e indivisível, uma totalidade (...) trata-se da realização do seu si-mesmo (...) A individuação não exclui o universo, ela o inclui”. (Jung)


Acolhendo as tradições, transformando-as pela experiência própria (o vaso hermético) e transmitindo ao mundo em linguagem holística, estamos vocacionados ao desenvolvimento do potencial humano – “espaço infinito do possível” – em toda a sua plenitude.












ecologia das gerações

Nas teias de uma tradição oriental :
“Não imite os antigos, procure o que eles procuraram”
(Bashô, poeta samurai japonês ancestral, na tradução de Paulo Leminski, poeta curitibano do século vinte)

Nas teias da Kabbalah :
“O Adão do Mundo das Formações é, como o nome implica, as várias formas e variedades de homens. Descrito às vezes como um Mundo Aquático, adapta e modifica o arquétipo suprido pelo mundo acima para ser utilizado no mundo abaixo. Enquanto pensamos no Adão beriático como a humanidade, o Mundo Yezirático representa suas manifestações em constante mutação, através do fluxo das gerações, cada qual com seu ajuste particular à época e ao lugar (...) o hebreu, o gordo, o magro, grande ou pequeno, chinês, negro ou escocês são apenas formas das variações de um arquétipo”. ( Z’ev ben Shimon Halevi) ;

Nas teias da Psicologia analítica (Jung) :
“Enquanto trabalhava em minha árvore genealógica, compreendi a estranha comunhão de destinos que me ligava aos meus antepassados. Tenho a forte impressão de estar sob influência de coisas e problemas que foram deixadas incompletas e sem resposta por parte de meus pais, meus avós e de outros antepassados. Muitas vezes parece haver numa família um carma impessoal que se transmite dos pais aos filhos. Sempre pensei que teria de responder a questão que o destino já propusera a meus antepassados, sem que estes lhe houvessem dado qualquer resposta; ou melhor, que deveria terminar ou simplesmente prosseguir, tratando de problemas que as épocas anteriores haviam deixado em suspenso. Por outro lado, é difícil saber se tais problemas são de natureza pessoal ou de natureza geral (coletiva). Parece-me ser, este último, o caso.
Enquanto não é reconhecido como tal, um problema coletivo toma sempre a forma pessoal e provoca, ocasionalmente, a ilusão de uma certa desordem no domínio da psique pessoal. Efetivamente, tais perturbações ocorrem na esfera pessoal, mas não são necessariamente primárias : são secundárias e decorrem de uma mudança desfavorável do clima social. Nesse caso, portanto, não se deve procurar a causa da perturbação na ambiência pessoal, mas sim na situação coletiva. A psicoterapia ainda não levou em conta, suficientemente, estas circunstâncias”.


Qual o desafio coletivo que herdamos de nossos antepassados, principalmente pais e avós ?

Estarmos juntos no mundo de um outro modo, superando o modelo atual de família e demais instituições manicomiais como escolas, empresas, governos etc. (que impedem o pleno desenvolvimento do potencial humano) ;

Oferecer aos nossos filhos e seus contemporâneos a oportunidade de serem uma outra presença humana no planeta (transição civilizatória) ;

Ser um (a humanidade e todas as outras formas de vida – biodiversidade) em um círculo (o planeta Terra, seu satélite a lua, sua estrela o sol, seu sistema planetário, suas galáxias e o cosmos todo) ;










ecologia de si mesmo
(“Conhece-te a si mesmo e conhecerás o teu destino”)

O arquétipo do buscador de si mesmo tem vários nomes e manifestações : O Louco do Tarot, O Alquimista, Adão, O Aprendiz das tradições iniciáticas etc .

Nas teias da Kabbalah :
“O Adão asiyyático é você e eu. O Adão encarnado (...) Embora presos à Terra e divididos por sexo, os humanos possuem todos os outros Adãos dentro de si enquanto residem de modo temporário em Asiyyah. A tarefa, ao que parece, seria a administração da Terra (...) isto requer não apenas subirmos pela escada de árvores de jacob que se estende entre o céu e a Terra, mas também atuarmos como participantes conscientes nos Mundos mais elevados, ajudando assim a Presença de Deus a se manifestar abaixo (...)”

ou ainda :

“A vida na terra é dura. Disto não se tem dúvida, mas a tradição esotérica diz que sob estas condições cruéis e máximo constrangimento físico, consegue-se muito com rapidez, o que não seria possível nos mundos superiores. O prazer e a dor do corpo são situações de aprendizado vitais para a psique (...) a alma encarnada está em posição única pois tem a oportunidade de examinar o mundo asiyyático (da manifestação) através do corpo (...) conhecer pela existência tangível do nosso corpo (...) se queres perceber o invisível, observe o visível” Z’ev Ben Shimon Halevi ;

A ecologia de si mesmo pode ser realizada :

 Sendo um aprendiz na arte do conhecimento de si mesmo :

“Tanto nossa alma como nosso corpo são compostos de elementos que já existiam na linhagem dos antepassados. O ‘novo’ na alma individual é uma recombinação, variável ao infinito, de componentes extremamente antigos. Nosso corpo e nossa alma têm um caráter eminentemente histórico e não encontram no ‘realmente-novo-que-acaba-de-aparecer’ lugar conveniente, isto é, os traços ancestrais só se encontram parcialmente realizados. Estamos longe de ter liquidado a idade média, a antiguidade, o primitivismo e de ter respondido às exigências de nossa psique a respeito deles (...) mas é precisamente a perda da relação com o passado, a perda das raízes, que cria um tal ‘mal estar na civilização(...)
Quanto menos compreendermos o que nossos pais e avós procuraram, tanto menos compreenderemos a nós mesmos, e contribuímos com todas as nossas forças para arrancar o indivíduo de seus instintos e de suas raízes (...)” (Jung)

O que nossa alma ancestral está exigindo ?

Comunhão com o mundo natural e espiritual

Na tradição da umbanda esotérica, os componentes ancestrais de nossa alma estão presentes em nosso carrego de santo. Um dos caminhos para integrar essas dimensões de nossa alma ancestral é frequentar com mais assiduidade os lugares onde são possíveis a vivência dessas energias, essas forças vibratórias, os orixás. Os orixás não estão simplesmente nesses lugares, eles são inclusive esses próprios lugares, eles são aquela força vibratória dos lugares, são aquela emanação original dos lugares e seus seres vivos em toda a sua diversidade (da pedra ao pavão, das águas subterrâneas ao clima) .
O mundo e seus lugares são a presença divina em estado de emanação permanente, e estar nesses lugares em comunhão com essa vibração original e permanente é uma das exigências de nossa alma ancestral.
Nesse caminho encontram-se as tradições espirituais (umbanda esotérica, xamanismo, bruxaria, magia natural) e a ecologia profunda (não se trata de simplesmente preservar o ambiente, mas viver em comunhão com os ciclos desses lugares). Mas não se trata simplesmente de estar nesses lugares, sem entregar-se. Nossa alma ancestral deseja ardentemente ( o fogo interior ) que sejamos um nesses lugares com sua vibração original e toda sua diversidade da vida.

A ecologia de si mesmo pode ser realizada :

 Vivendo a experiência da alquimia interior : a reunião de elementos distintos em uma unidade

Pois como escreveu Heráclito :
“O uno que em si memo se diferencia”

ou Lao Tse :
“Ambos são idênticos em sua Origem e distintos tornam-se seus nomes ao se tornarem manifestados”

Em linguagem científica intelectualizada, Edgar Morin também notou a complexidade da unidade manifestada no humano :
Enquanto pessoas cósmicas - “Encontramo-nos no gigantesco cosmos em expansão, constituído de bilhões de galáxias e de bilhões e bilhões de estrelas”;
Enquanto pessoas físicas - “Uma porção de substância física organizou-se de maneira termodinâmica sobre a Terra; Por meio de imersão marinha, de banhos químicos, de descargas elétricas, adquiriu vida”;
Enquanto pessoas terrestres - “Como seres vivos deste planeta, dependemos vitalmente da biosfera terrestre”;
Enquanto pessoas humanas - “Somos originários do cosmos, da natureza, da vida, mas, devido `a própria humanidade, `a nossa cultura, `a nossa mente, `a nossa consciência, tornamo-nos estranhos a este cosmos, que nos parece secretamente íntimo. Nosso pensamento e nossa consciência fazem-nos conhecer o mundo físico e distanciam-nos dele. O próprio fato de considerar racional e cientificamente o universo separa-nos dele. Desenvolvemo-nos além do mundo físico e vivo. É neste ‘além’ que tem lugar a plenitude da humanidade”.

Portanto, a alquimia ( do árabe ul khemi – química da natureza) consiste em :

# reunir e manifestar na plenitude de nosso ser as quatro funções psíquicas (intuição, razão, sentimento e sensação ), pelas teias da Psicologia Analítica ;
# reunir e manifestar na plenitude do nosso ser os quatro elementos simbólicos imanentes aos seres humanos (fogo, ar, água e terra), pelas teias da alquimia ;
# reunir e manifestar na plenitude de nosso ser os quatro animais herméticos (leão, águia, homem e touro), que pelas teias ocultas das Escolas Iniciáticas significam : conscientizar-se da sua missão no esquema do plano divino para a terra e trabalhar neste sentido, em contato com o Eu superior (naipe de paus); libertar-se das ilusões dos mundos inferiores e chegar a um novo nascimento espiritual (naipe de espadas); elevar o inferior, transmitindo-lhe por meio do sacrifício (etmologicamente tornar sagrado), aquilo que foi recebido do alto (naipe de copas); estabelecer pontos de apoio nos planos inferiores para realizar o contato com os planos superiores (naipe de ouros).
E ainda, na tradição kabbalística da árvore da vida, viver as experiências dos quatro mundos da árvore sefirótica : azilut (mundo das emanações, Beriah (mundo das criações), Yezirah (mundo das formações), Asiyyah (mundo das manifestações).

O êxito dessa re-união de elementos distintos em uma unidade (alquimia) foi expresso de diversas maneiras segundo as diferentes tradições : nirvana, reino do pai ou dos céus, êxtase, experiência mística, consciência cósmica, O SI-Mesmo / Aion (Jung), O Uróboros etc

A alquimia também consiste em :
# articular a pesquisa, a criação e o ensino dos quatro campos do conhecimento humano (tradições espirituais, filosofias, artes e ciências) através da transdisciplinaridade.

Como não se comover com o Laboratório dos alquimistas, que no étimo também pode significar Labor e Oração ?





A arte em geral, e a poesia em particular, são por si mesmas caminhos alquímicos ( “... Se é que há grandes poetas neste mundo fora do silêncio de seus próprios corações” – F. Pessoa ) :

“Heurese surprise : l’ésotérisme contemporain s’exprime poétiquement”
“Il ne s’agit pas de décrire une iniciatiton mais de s’initier en décrivant”


Dos poetas recebo e transmito a poesia :

reza é poesia do mundo que é reza da vida :

Augusto de Campos : “(...) uma das funções básicas da poesia é a de incentivar a desautomatização da linguagem contratual, útil e eficaz para a comunicação pragmática, mas insuficiente para captar toda a gama de sensibilidade e pensamento de que é capaz o ser humano” ;

Fernando Pessoa / Ricardo Reis : “Um poema é a projeção de uma idéia em palavras através da emoção. A emoção não é a base da poesia : é tão somente o meio de que a idéia se serve para se reduzir a palavras” ;

Jung : “A experiência poética, autêntica, aflora de regiões profundas da alma, salutares e benéficas, pré-existentes à segregação das consciências individuais, e que, a partir desse regaço coletivo, seguiram os seus passos dolorosos. Brota dessas regiões onde todos os seres vibram ainda, em uníssono, e onde consequentemente a sensibilidade e a ação do indivíduo valem para toda a humanidade”.



A ecologia de si mesmo pode ser realizada :

 Vivendo a experiência da re-união da espiritualidade com a sexualidade através do amor tântrico e universal (ecologia social, ecologia do outro) ;

Abram-se aspas para osho : “O amor é um caso individual com outro indivíduo. Religiosidade é um caso de amor maior do indivíduo em direção ao cosmos todo” ;

Os poetas não se calam em mim : “amar se aprende amando” (Carlos Drummond de Andrade) ;

A ecologia de si mesmo pode ser realizada :

 Alcançando e mantendo um padrão econômico sustentável conciliando vocação e profissão

Bentto de Lima : “Entendemos por vocação um impulso que tem origem na profundidade do psiquismo, em condições de liberdade, semi-independente do condicionamento cultural exterior e mais comprometido com a criatividade imaginativa. Noutras palavras, queremos dizer que alguns atos humanos não são determinados por sua necessidade imediata ou pelas limitações do meio. Por vocação chamamos as atividades criativas nas quais se observa que a necessidade do fazer suplanta a necessidade do produto. Tal acontece na obra de arte, da experiência mística e da participação histórica consciente, atividades que gratificam pelo próprio processo de realização e não em função da utilidade do produto terminado ou do lucro obtido pela usurpação da mais-valia. (...) Uma vocação se sacraliza quando assumida inteiramente, tornada real, atualizada e radicalizada. Neste caso, ela não admite dividir atenções com outras atividades e absorve por completo o homem. Assumi-la significa realizar o que é mítico, uma forma de se lançar na meta da plenitude. Sua manifestação não se faz, contudo linear e contínua, geralmente ocorre em lapsos durante a existência, constituindo os momentos de criatividade e/ou momentos de transe”.

A ecologia de si mesmo pode ser realizada :

 Realizando e participando de iniciativas de transição civilizatória (uma outra presença humana no planeta e além dele, “mais ampla do que a reforma, mais profunda do que a revolução” ) :

# Transição civilizatória tem a ver com a chamada Nova Era, que nas palavras precisas de Pierre Weil (por mim editadas) “significa um movimento holístico de renovação de valores fundamentais da nossa sociedade, através de uma mudança de paradigma.
Traduz-se por :

 um aspecto ecológico profundo, de respeito e comunhão com a natureza e seus ciclos, que não existem para atender necessidades do ego humano ;
 um retorno `a simplicidade da existência : “tudo é necessário, nada é indispensável”, transmite a tradição dos iogues ;
 uma seleção criteriosa e consciente dos verdadeiros aspectos positivos do progresso técnico em relação a estes valores holísticos;
 o desenvolvimento interior : “O silêncio é o espaço interior de que precisamos para crescer” ; O Arcano Arquetípico do Eremita ;
O Deserto Místico (segundo Trigueirinho) : “(...) Simbolicamente , é andando sobre as areias quentes, experimentando as noites frias e enfrentando os vendavais desse deserto que o indivíduo constrói em si mesmo uma base sólida (...) No plano físico, os desertos são um fator de equilíbrio para o desperdício comumente perpetrado nesta civilização. O estado de espírito que lhes corresponde emerge no ser quando ele busca reencontrar esse equilíbrio em si próprio. Em alguns casos, ao se aprofundar nessa busca, o ser desperta para o estado representado pelo cume de uma montanha, onde o despojamento do deserto se alia à leveza e `a sutileza das alturas” ;
 o desenvolvimento de comunidades que apresentem as condições favoráveis a esta evolução e estimulem-na ;
 a não-violência ;
 uma economia, educação e medicina holísticas ;
 uma política holística etc. ;

# Transição da Terra (do Glossário Esotérico, de Trigueirinho) : “Fase de preparação mais intensa de uma nova humanidade e uma nova Terra (...) em que se fazem mudanças profundas, entre as quais se destacam : a sutilização da vida planetária, a reestruturação dos níveis de consciência, a mudança da inclinação do eixo da Terra, a reconfiguração dos continentes e mares, o implante do novo código genético na parcela da humanidade que prosseguirá na Terra ou em mundos mais evoluídos, o relacionamento aberto do ser humano da superfície terrestre com civilizações intraterrenas e extraterrestres evoluídas e a maior integração do planeta na vida solar e cósmica”

20.2.05

pagão

amor trazido pelo mar
é regido pela lua
vai embora na maré vazada

povo da rua

risca sua pemba
joga o seu baralho
bate o candongueiro
dorme no telhado

sem título

sempre soube que era pequena e úmida
a fenda feminina ao infinito

sempre soube que os gigantes
não resitem ao perfume dentre seus cabelos,
e a beijar-lhe toda
penetram em sua exuberância

devoram ignorantes
seus enigmas
e ostentam em urros viscerais

quando úmidas se deixam vencer
e lhe arranham a carne
pois lhe desejam assim

pagão

não se decreta a primavera
com flores de plástico
ou cores na tela
mas com o término
lento natural e insubmisso do inverno

8.2.05

sambas de reza

exu de coroa
reinando na rua
sacerdócio e militância
nas esquinas e becos e viadutos

peça licença
que um dia a casa cai
peça sua bênção
mas não peça demais
nunca peça além da conta
exu trata com todos
mas nunca será serviçal

mesa sem cerimônia
vela sem castiçal
senhor das porteiras do mundo
troca de cores no sinal
farinha pouca
o pirão primeiro é dele
senão a rua tranca
a garrafa míngua
você perde a língua
perde tudo e perde todos
se chamá-lo para o mal

30.1.05

samba de rua

chapa no risco de navalha
só com o fogo caído
e o breu dentro dele
senão estardalha

pra coisa bruta
dorme de vela acesa
senão amanhã não desperta, estilhaça
porque do lado de cá
é tudo de barro

nem com taça de cristal
ou prata de cristo no peito
disfarça o catarro de fumo e cachaça

intimida só com a idade
já que nunca foi de trabalho
e tanto ouro pendurado nas mulata
só pode ser de quem rouba e quem mata
mas também pode morrer...
então como é que pode tão sinistro
mancar sem bengala
nas beiras do precipício ?

samba de rua

nas raias da rua
cachorro brabo
abana o rabo
pro dono

nas raias da rua
faca nas cabra
couro no surdo
e no candonguêro
meia língua
que cabrito berra muito

nas raias da rua
com fio de corte
lua de míngua
noite de sete quinas
vai chamar um
ganhador no canto
pra toque de jogo de dentro
no gunga e na viola

nas raias da rua
o lamento vermelho escorre
(trabalho desfeito)
já é sol de arregaço

menina sem mãe na terra

Quando crescer quero virar oceano. De azul imenso e sem beirada. Tanto quanto verde, espelho d água do céu.
Oceano sem ninguém, só de bicho, mato de seiva, sereia. De minha mãe Senhora d água.
Senão o mar espanca. Mar virado que arrasta depois do fundo, beijo de areia seca na boca, água que arde. Não adianta chamar da praia que não volta.
Ilha também não pode ter. Oceano sem nome também. Só de maré, de todas as luas, mar de ninguém senão revira. Só de Senhora.

17.1.05

autodidata

segundo morin : "(...)não conhece hierarquias e categorias a priori e opera sua seleção em função de necessidades tão profundas quanto inconscientes".
Ser autodidata é a minha resposta e recusa à delinquência acadêmica.
Academicismo é "a posse de idéias fixas sobre como se deve utilizar os dados que se possui".

projeto editorial

não serão esquecidos (alethea) os eventos sempre para tornar possível o surgimento de mais uma hipótese, no sentido de instaurar a dúvida e de desafiar a pretensão de uniformidade semântica

paradigma holístico

a referência não é o possível oferecido
mas o potencial humano - "espaço infinito do possível"

15.1.05

pauta esotérica

não repetir frases feitas
autonomia articulada
criatividade insubmissa
questionar os automatismos fixados pelo hábito

dito francês

ëm ciência e no amor
nem sempre nem nunca

pauta macropolítica

por um brasil livre de transgênicos
pela não proliferação de armas de destruição em massa
pelo banimento internacional das minas terrestres
por uma sociedade sem manicômios (sejam escolas, asilos, hospitais)
pela taxação das transações financeiras internacionais de caráter especulativo

9.1.05

todas as mulheres não têm esses lábios que me contariam tudo mas tantas palavras seriam interrompidas por um beijo súbito, na boca, nos seios fartos e lancinantes e na buceta,e eu te agarraria pelos cabelos crespos e longos e te juraria o que quisesses, até ser digno do que escorrerá de você, não em cálice bento ou real,mas na minha boca insaciável e demente, que não fala mais coisa com outra coisa, que não te jura mais apenas te chupa, e te arranca os cabelos dos grandes lábios generosos rosas e te ofende, e te ama em qualquer idioma, e ostenta o trovão entre as pernas anarquista pagão.
E nada do que souberes bastará, não quisemos o seu rosto coberto de pó, coberto de risos alheios que nos estampam.Quisera eu ter vontade.Decerto responderão outros continentes.Na minha vila não.Queria dizer mas estou ereto demais temeroso da queda. Se não disser te amo te fodo com toda minh alma sem culpa.Agradeço pela mãe do planeta.

chamado no étimo

arte sacerdócio e militância são meus desígnios vocacionais para este ciclo já iniciado...

interlocutores

arthur omar josé menezes moacyr santos abdias nascimento adelson alves badi assad marlos nobre nise da silveira ubiratan d ambrósio fátima oliveira hilda hilst etc coltrane hermeto o povo da rua cartola pierre weil edgar morin etc etc

8.1.05

desafios profissionais

ética concorrencial
inteligência interpessoal
definição do público alvo dos projetos produtos e serviços
empreendedorismo
autonomia articulada
tempo para pesquisar o mercado e conseguir novos clientes e parceiros
tempo para aprender e estudar
transformar concorrentes em parceiros pontuais

2.1.05

escolhas

autônomo parceiro empreendedor místico autodidata nômade articulação pós-disciplinar batuqueiro ecumênico iniciativa itinerante ecológico holística inconsciente coletivo pagão diversidade acústica articulada suspensão dos recalques estados modificados de consciência desobediência transinstrumentista educador músico poeta compositor arranjador pesquisa criação ensino atelier estúdio agência clínica praia buteco redes de pesca e descanso línguas para entender o outro cerâmica intuição pão água vinho ganzá cinema de autor língua brasileira pimenta incenso banana homeopatia sânscrito hebraico árabe boemia livros café baixa e alta magia japonês ambientalista hq lentilha os oceanos alemão etnomatemática pandeiro orgasmo francês tarot kabbalah italiano grego latim macarrão bioética repique surdos cuíca berimbau pau de chuva tamborim umbanda micro-política violão (tenor, seis, sete, oito, dez e doze cordas etc) bioenergética tarol escola de samba guitarra elétrica vila isabel feijoada caixa de guerra capoeira sementes de ornamento e percussão samambaia contrabaixo (elétrico, acústico, fretless, baixolão etc)

oração

que todos os inimigos
possam amar e ser amados
que todos os inimigos
tenham a oportunidade de experimentar o sagrado
que todos os inimigos
reconheçam sua própria dimensão divina
que todos os inimigos
sejam acolhidos pela mãe do planeta

1.1.05

A arte da transição civilizatória

Manifesto
1. O cotidiano é a medida da plenitude
2. A poesia é tão precisa quanto a matemática
3. Recusar a estúpida pretensão do monopólio disciplinar sobre o conhecimento
4. Espaço é tolerância obssessiva
5. A vida é maior que a arte
6. Recusar a Língua Portuguesa normatizada no Brasil
7. Transição Civilizatória é uma outra presença humana no planeta
8. Por uma sociedade sem escolas, prisões, asilos e manicômios
9. Arte, sacerdócio e militância são desígnios vocacionais
10. Preservar a tradição do direito permanente à pesquisa estética
11. A arte da transição civilizatória articula pesquisa criação e ensino
12. A arte da transição civilizatória institui-se enquanto atelier, estúdio, agência e clínica
13. Clínica – que se inclina sobre desafios, que acolhe e admite audiência
14. Oferecer a oportunidade do desenvolvimento do potencial humano – “espaço infinito do possível” em toda a sua plenitude
15. A arte da transição civilizatória é um paradigma estético, epistemológico e esotérico
16. Ecologia e Espiritualidade, paisagem sonora e introspecção, autonomia articulada
17. articular e promover outros paradigmas : a holística(artes, ciências, filosofias, tradições espirituais), a psicanálise novamente(md magno), a física quântica tal como operada por Fritjof Capra e seus interlocutores, a bioética (Fátima Oliveira), o pensamento complexo (Edgar Morin), a etnomatemática (Ubiratan D ambrósio), a psicologia transpessoal

pauta esotérica (não sei donde copiei)

purificação pelo silêncio prolongado
superar a covardia física
superar a indecisão física
superar os arrependimentos a respeito do que já foi feito e não pode ser mudado
lutar contra as supertições
lutar conra os preconceitos
lutar contra os condicionamentos
manter em boa ordem a saúde e o ambiente externo

samba de reza

beirada de rio acima
até que se arrebente
uma nascente d água

cascata que escorre
e se orientam vozes álteras
por tudo que não era latim,
cáscaltera, cascalho fino,
sem margem de esquadro
descompasso

pedra de limo
enviesada
traíra de vulto sem guarda

cabeça na pedra
cabeça quebrada
caminho d Oxum

9.12.04

bons programas

observatório da imprensa, roda viva, conexão roberto d'ávila, provocaçãoes, tudo na tve
música contemporânea, roda de choro, músicos do brasil, todos os progaramas da liliam zaremba, tudo na rádio mec am
a biblioteca do instituto goethe
a biblioteca da maison de france

perfil

tenho orgulho e amo :
ser filho do velho com yemanjá (preciso confirmar)
sol em leão ascendente escorpião e netuno na casa um com lua em escorpião
ter o povo da rua comigo
ser autodidata apesar dos cursos e palestras e leituras
estar vivo após trinta primaveras
ser introspectivo
ser um dissidente universitário

escolhas

samambaia, jibóia, rede de descanso na varanda, ouvir jazz na madruga no escuro, os desertos, os mangues, a mata atlântica, glenn gould tocando bach, feijoada, água, vinho, homeopatia, cinema de autor, repique e centrador, blues alto e lento na vitrola, soneca depois do almoço, amarelo

alguns princípios e outros desejos

1. só vou falar se for reza
só vou escrever se for arte
(o cotidiano é a medida da plenitude)
2. não imite os antigos,
procure o que eles procuraram.
E eles olharam para o céu, interrogando o cosmo,
leram menos e observaram mais, descobriram o fogo,
nomearam o sagrado...
3. tudo é necessário
nada é indispensável
(da tradição iogue)
4.conhece-te a si mesmo
5.não diminuir o significado do que não se compreende
6. tudo flui

3.12.04

três sambas de reza

por tudo que já viveu
por tudo que vai viver
sabe do que aconteceu
sabe do que vai acontecer
(para preto velho)


espelho d'água na mata
eu só conheço um
espelho que seduz e que mata
espelho de prata d'oxum


no quebra mar
a lua alta
maré cheia

eu peço liçensa
eu tenho cuidado
o chão é de areia
(para yemanjá)

samba de reza

trata-se de ostentar a dimensão sacra da música e da poesia e da arte;
de articular as lingugens da música, da poesia e da performance;
a intervenção cenográfica refere-se explicitamente ao sincretismo religioso e à cultura popular no Brasil em geral, no Rio de janeiro em particular;
do ponto de vista formal trata-se de uma performance poético-musical, variando entre 20 a 90 min de celebração;
solicite o release para outras informações.

2.12.04

abrindo os trabalhos

este diário é um espaço para a criação cotidiana.
criatividade insubmissa.
Eis alguns temas versados:
holística
arte contemporânea
poesia autoral
música
globalização
transição civilizatória