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5.10.06

sem título não é um título

uma carroça nesta era de kali para as obras de quimbandaria e ciganagem
por todos os nomes de deus em todas as suas línguas...

reza e poesia

honras e louvores `aquela que habita em eternidade e resplandência
nas lagoas porque em sua vocação batismal pacifica-se minha besta,
louca para se lambuzar insaciável nos despachos e expurgos de tanta mundaneidade ...

4.10.06

reza

e que a força de todos os rios
nos levem ao mar de mãe d'água

e que os rios debaixo da terra levantem-se com a fúria das águas da purificação em abundância sem desperdício, em severidade e misericórdia,

e de onde nascem nos mistérios tragam o fértil crescente das opulências da senhora que tudo provê, senhora da terra escura e generosa, cacurucaia, negra e ancestral.

reza

nossa senhora do segundo parto,
nossa santa mãe de antes,
madre ancestre, santa escura da criação, seio da terra de fartura e nascente d'água,
fêmea-cosmos, galáxia-fêmea, porra-fêmea de buceta,
santificai madalena,
santa beata das dores do apocalipse, santificai também as nossas dores, dai-nos beatitude desde o corpo, desde a terra, desde o pó até o pó, santificai madalena, amai também a besta que desespera em nós, entrar dentro de você nos pacifica, santificai madalena !

reza é poesia

nesses dias frios em que a alma se espelha, nesses dias cinzas em que os olhos preferem fechar-se e a alma suplica pelo sono irmã da morte, nesses dias tristes para os tristes, nesses dias feios para os feios, nesses dias de tempo fechado e ruído
lembra dos irmãos de guarda que estão à frente seja tempo pensamento ou caminho

não há tempo ruim
porque não se trata da vontade humana
mas do orixá das épocas e dos temporais

reza é poesia

senhora do amor, senhora da bonança, voz de acalanto na noite escura da alma, adormeça nossa consciência em teu seio, acaricie também nosso animal
que a paz dorme eterna em teu leito ...

reza é poesia

uma linda cabocla de oxum
de longos cabelos negros
como as águas da noite

reza é poesia

andanças para propagar o verso de devoção, caminho de reveranças, a arte como presença no mundo, o improviso na arte como uma manifestação da impermanência, tornar sagrado o instante para a sagração das obras de venusaria com a ciganada de lei na linhagem de sara,
bardo das sereias de todas as águas, das fadas da terceira margem,

eu atravesso o rio na canoa, moço
porque de barco grande eu não sei quem está no timão.

reza é poesia

Possa o eterno em cantares encontrar morada
nesta terra entre aqueles que honrarão seus nomes em tudo
nos partos e ceifas do senhor das eras;

E as honras de um cigano de lei, devotos de sara, uma carroça repleta de camaradas, todos os tambores, propagando as artes e as tradições espirituais reconciliadas, salve a lei de pemba, a consciência humana em estado sublime, em aliança com os anjos e os devas da poesia, da paisagem, de todoas as línguas e das estranhas, das entranhas de deus.