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8.12.06

ALLE GAIA (latim) OUTRA TERRA ( em timbre brasileiro lato)
O dharma da poesia : a vocação da poesia : o dever prescrito da poesia : o chamado íntimo para a poesia : a natureza interior da poesia : a paisagem oculta no enunciado poético têm correspondência com a invenção das palavras sagradas para o nosso tempo em timbre brasileiro lato
Nosso tempo corresponde a Kali Yuga em transição civilizatória
Kali Yuga em timbre brasileiro lato corresponde a Era da destruição, tão linda e sagrada como Kali, fêmea e companheira de Deus :
Santifique suas palavras : torne-se poeta : relate a eternidade para a assembléia de Kali : a verdade é tão bela quanto justa : ou torne-se profeta : cale-se
Poesia é reza no mundo : poesia é tornar sagrada a palavra de novo : como sempre fizeram o povo de santo e as velhas rezadeiras e os palhaços ( a condição suprema dos atores, como dizem os mais velhos do circo)

O dever prescrito : o dharma : a vocação : realizar o sagrado através da arte
A arte como caminho sacerdotal, como senda iniciática, como raja yoga, real união do humano com a divindade, conciliando estudo, para adquirir competência na linguagem da arte; serviço, oferecendo a obra de arte ao mundo como oportunidade de percepção da divindade; meditação, pois no estado de consciência da criação artística temos acesso aos mundos superiores. A obra de arte pode ser uma forma de oração.
Reunir tradições espirituais e tradição culturais, tanto do oriente como do ocidente, de todas as eras desde a idade do mundo, semeando assim uma outra presença humana no planeta

Uma iniciativa aberta a todas as danças, escrituras, cantos, instrumentos, teatros, santos, povos e aldeias
Articular :
Pesquisa : em discos, livros, tradição oral, bibliotecas, em todas as mídias
Criação : desenvolver o estado de consciência de criação artística, que nos eleva a percepção do sagrado e da divindade na plenitude de suas manifestações.
Ensino : ensinar uns aos outros e ao público em geral através de cursos, oficinas, espetáculos etc ...
Bardaria
Pontos versos rezas estórias canções récita instrumental e batuque

Vocação : Religar as tradições espirituais e as tradições culturais de toda e qualquer época e lugar numa visada universalista , com uma aptidão natural para as tradições afro-brasileiras , com uma abordagem interpretativa voltada para o brasil contemporâneo em transição civilizatória , quer dizer , uma arte plena e holística visando uma outra presença humana no planeta .

Bardaria é uma celebração em três tempos , articuláveis ou independentes entre si :

Reza : versos de inspiração, textos, dois dedos de prosa, poesia é reza no mundo, tornar sagrada a palavra de novo

Sambas de Reza : manter viva a tradição da música brasileira que faz o casamento da arte com o sagrado no mundo

Festa : pontos de homenagem e louvação, dança, batuque, samba de caboclo, capoeiragem, todos os tambores

Sobre a instrumentação : voz, violão, guitarra, cavaco, bandolim, baixo, berimbau, cuíca, tamborim, caixa clara, repique, atabaque, surdo, pandeiro, moringa, chocalho, muita palma de mão

Guilherme Lessa de Todos os Santos
Concepção, Produção, direção, arregimentação, composições e arranjos, multi instrumentista e poeta

Evocação : pesquisa criação e ensino : tel – (21) 22817324

Guilherme.lessa@yahoo.com.br

http://transicaocivilizatoria.blogspot.com
Alma - fêmea companheira, alma fálica, minha alma porta punhal e cálice, mar e tridente, liras e tambores, dores e línguas, e uma vontade de tornar-se flor, alma de devoção e morte, filho das yabás e obaluayê, filho de clara e de santa sara escura, aos pés de uma senhora samambaia, alma fálica de exu, alma fálica de shiva, alma fálica de muitos cornos, alma cálice de sangue Pai...
Casa de muitas moradas, nossa casa comum de senhora, alma de muitas asas, alma de encanto pelas fadas, alma de muitas pétalas, alma que lamenta não tornar-se ainda sol, alma de muitos timbres, alma de azulejos, alma de barro vermelho, alma de muitos expurgos e adereços putrefatos, alma esposa de exu para as obras de quimbandaria, alma que habita as encruzilhadas, alma de calunga, alma que habita os expurgos de sangue de todas as fêmeas, alma que habita o mangue, o cárcere místico, o muro devocional, a queda dos pássaros, a forja das taças e espadas, alma de Hades e Belém, alma de retorno à Meca, alma de Israel e Aruanda, alma de arruaça, alma de vadiação e tambor, alma confessa repleta de chagas, alma confessa repleta de chagas ...


Uma mesa para exu
Com toda a fartura deste mundo
Exu devorador do cosmos e das galáxias

E os compadres com o beiço ardendo de cachaça
De beiçada no charuto
Se lambuzando na farofa
Com o beiço cheio de gordura

Um banquete dos demônios
Para os senhores da saciedade

Exu satisfeito arrota na mesa
Que nem os árabes do deserto


Santa sara negra
De exu e sereia
Do mar de quebraria

Santa sara negra
De encantaria e acalanto

Do perdão de coisa feita bruta
Prece travessia
Feito mar de santo

Santa sara negra
Do traçado das rotas

Santa sara negra
Do encanto da encruza

Santa sara negra
De navalha severa de calunga

Santa sara negra
Santa milagreira

O parto da alma também sangra
As mães desse segundo parto
Também urram de dor
E suas bucetas místicas também se arrebentam
Se a alma não é pequena

A alma também se recobre de chagas
Quando a dor é tamanha

A alma também apodrece
Se o corpo é cárcere e não o templo

A alma também se recupera
E nasce de novo

Santa sara negra
De exu e sereia

Traga minha alma diante do sol
E aceite meu templo
Porque eu também sou seu filho
Mesmo com a alma repleta de chagas e humanidade tardia










Desejo em fraternidade e compadrio
A visita das que guardam as escolhas

A visita das que aceitam
Vela marafo e água doce

Das que honram as mãos
Para as obras de justiçaria

Das escolhidas por honra e beleza
Para receberem o caralho de deus


Tarde que resplande
E adorna o alto
Com seu manto de luz
E natureza que arregaça

Queria ser poeta sempre
Para gritar gozando em santidade
Pela presença do espírito - fêmea e santa em tudo
Desde o céu de todas as crenças até o chão do planeta


Quero cantar também o fado das almas,
Arrenda teu canto de chão nas esquerdarias pois que sempre há de vir a ceifa justa, se não tem outro , remenda,
Pomba gira é de renda e namoro, exu tem os chifres de ouro e o rabo de prata e uma lança de três dentes debaixo da capa preta exu ostenta seu caralho nos assentamentos
I


Nossa Senhora do Segundo Parto,
Nossa Santa Mãe de Antes,
Madre Ancestre,
Santa escura da Criação,
Seio da Terra de fartura e nascente D’Água,
Fêmea – Cosmos, Galáxia - Fêmea, Porra – Fêmea de Buceta,
Santificai Madalena,
Santa Beata das Dores do Parto do Apocalipse,
Santificai também as nossas dores,
dai – nos beatitude desde o corpo,
desde a terra, desde o pó até o pó,
santificai Madalena,
amai também a besta que desespera em nós,
entrar dentro de você nos pacifica,
Santificai Madalena !































II


Que a consciência de Cristo – Krishna que habita em Nós esteja nascida de novo,
E que possam nossos olhos do Cristo Interno ver o mundo de novo pela primeira vez,
E que possam nossos olhos do Cristo Interno contemplar a face da Santa Mãe de antes que nos pariu Imáculos,
Nossa Senhora do Segundo Parto,
E que possa nossa voz ser de salvas e bênções,
E professar as escrituras todas como os pássaros em cantares de todas as eras, pássaros e escrituras,
E que nosso peito se oferte em morada para todas as Tuas criaturas, pois É em Ti que elas estão nesta Terra,
E que possamos expressar no mundo os dons e talentos outorgados pelo nosso Senhor que está nos céus, em muitos teares com a hierarquia de Jacó e afiliação Santa de Dêvas e Gigantes de Deus,
Para a glória de todos os Teus nomes de santidades e mistérios e sumas urgias e partos ancestres,
E que nos guardem os Exus e que Tu faças por eles como se fosse por mim,
E que possamos nos tornar uma rosa de sete pétalas, um jardim de sete rosas, que possamos nos tornar uma lótus da lama e das galáxias,
Do infinito onde tudo se recolhe em paz de grave
Do infinito onde tudo se propaga em paz sublime
Que eu me torne um velho aprendiz de sete idades até que todas as tuas eras se realizem.
Amém (com a licença do Mestre)
















III

Corroída em sua irrealeza,
Condenada em sua própria ruína
Que o tempo justiça,
Bebe teu vômito amargo
e se não o destilas
engasga e sufoca,
Apodrece em tua garganta por tanta ignomínia,
Jamais irá destronar aquela que seduz nos céus da noite,
Aquela que sacramenta em eterna aliança,
Mas se recebes em salmo aquela inevitável visita humana,
Talvez ela mensageira se aproxime,
E Ergua em tua fronte
Um Caminho Altíssimo,
E celebre em danças e abraços
Tua oferta de alma em ascenção


IV

Allah eterno de quietude e bonança,
Allah de permanência,
Vou andar pelo deserto todo nu,
E minh’alma também somente ela,
Levado pelo vento até que encontre uma mesquita em ruínas,
Mas uma mesquita para cobrir minha alma e o corpo desta vida,
Este deserto me enche de fé,
Não me aparto de meu deus,
Allah me habite,
Allah me jejue,
Allah me agraçe,
Allah aceite esta carta em timbre brasileiro lato,
Quiçá não me é estranha tua língua santa,
Suas devotas de véu Teus beduínos,
Tua caligrafia Teus Arabescos,
Tua renúncia tua disciplna,
Teu chá impregnante,
Tuas almofadas,
Allah me torne teu anjo na terra




V


O cotidiano é a medida da plenitude



VI



E que a força de todos os rios
Nos levem ao mar de mãe d ‘água,
E que os rios debaixo da terra levantem-se com a fúria das águas da purificação em abundância sem desperdício, em severidade e misericórdia,
E de onde nascem nos mistérios tragam o fértil crescente das opulências da senhora que tudo provê, senhora da terra escura e generosa, cacurucaia, negra e ancestral



VII



Espaço é tolerância obsessiva


VIII

Que o dia irrompa do chão
Em cada sol que explodirá em si,
Envoltos em terra,
E o dia então em desabrigo,
Rente ao nada e a esfera,
Dentre o imenso e nascente penhasco,
Gritos,
Ventre das línguas arcanas do mar ;

Esparsa e sussurrante alvorada,
Persevera,
Que sejam marés em partos álteros,
Destrevas,

E tragas de pássaros a migração





IX


A montanha é um ser de terra em santidade
E a alma dos reunidos em Si Naquele dos que ascendem pelos caminhos do reino dos devas
Habitam em hierogamos o corpo de terra da montanha e sua alma mineral,

A montanha existe em ancestralidade de orixalá
e nanã buruquê também é senhora em sua coroa de mistério,
A montanha é filha do hierogamos de um deva do sol com a terra negra e fêmea e ancestral,
Senhora dos invernos desde a idade do mundo,

A montanha é terra ascencionada,
Sítio sagrado da vontade perene,
Gravidade sublime, senhora conselheira,
Filha dos devas e dos minérios,
Berço das águias e das águas,
Guardiã do fogo do sol,
Das águas do céu e da terra
(das chuvas e dos rios debaixo),

Quando crescer quero ser como babá : um deva gigante do sol para beijar os seios da terra e visitá-la todos os invernos e fecundá-la em amor de santitude e nascer de novo com todas as flores e folhas e frutos desta primasolovera















X


E se fôra Kaiser
Outrora
Ou césar
Califa ou czar

Agora erra no deserto
Enquanto espera a hora
De voltar-se à meca
Ou subir nas colinas
Do lácio e dos lábios de sua outra bisavó pagã
Ouvir de novo como se reza


XI



Em timbre brasileiro lato
Escrito à mão nos desafios da alma no corpo, as kaligrafias da Grande Obra, na linhagem dos querubins, escrituras de labor e oração, no imaginário interno da consciência, no santuário da percepção abstrata, no manancial indiferenciado da gravidade donde os símbolos emergem ante seus cantares, no transcurso da vida desde a idade do mundo, na forja do eterno retorno das línguas, no lodo matrimonial da terra e do fogo, na esfera auto-plena –circunflexa dos ciclos, no espanto da plenitude dos céus na terra.


XII


Dedicar-se ao aperfeiçoamento do ser,
Ao dharma da alma, que a alma fale ao mudo no uso da voz de bênção, glória e louvores ao mais alto, descerrar a visão do Cristo Interno, a remissão dos pecados, expressar no mundo os dons e talentos outorgados pelo nosso senhor supremo, honrar a onipresença do Espírito
Santo em Labor e oração, guardar a alma no corpo com sete rezas, sorver a paz profunda manifesta no silêncio e no jejum



XIII



Que estas velas acesas evoquem ante minha visão interior e ao redor de mim em ternura radiante a presença dos santos e dos anjos e das musas em comunhão e permitindo a tradição da poesia geração que vai geração que vem possa o poeta sob o sol e sob a lua celebrar de novo a existência humana em graças e louvores para o altíssimo
E que as ervas do chão da terra em união sagrada com o fogo realizem os votos como nas velhas urgias,
Ele o deus que habita em tudo
Ela a deusa habitada
E pelos fumos se façam presentes


XIV

Não se decreta a primavera
Com flores de plástico ou cores de artifício
Mas com o término lento natural e insubmisso do inverno



XV


Os exus são os nomes de deus na magia em timbre brasileiro lato
Na era de kali
Tão linda e sagrada como a fêmea e companheira de deus Shiva Maha Deva


XVI


Estar quieto no meu canto
E todo meu ser de morada n’alma
Em abraço de plena entrega aos pés de nosso senhor
Devoto das santas almas de terra escura
Devoção de zelo,
De bem querença, de bendição,
Devoção de rezar vela e ervas de cheiro, dedicado aos velhos aprendizes



XVII

E que o deus manifesto nas folhas
Torne impregnada minha alma de sua presença
E o corpo volte a ser galáxia
E o deus manifesto no sol
E diante dele a alma plena de arder
Torne-se nascente a cada dia de arregaço
Mesmo no inverno torrencial

E a terra ama tanto o sol
Que estão sempre em danças os mares
Estão sempre jogadas a seus pés
As cachoeiras e as cascatas mais sublimes de tão altas também se deitam por ti,
E os rios e suas margens nuas
E as lagoas que te acolhem no tarde de teu ser
Onde tu se miras vaidoso
Êpa Babá !

Que deus seja louvado por todos os seus nomes de santidade, mistério, magia e iniciação !


XVIII


Esta súplica refere-se ao meu mestre espiritual, para que Ele aceite estas cartas como minha reverência, como minha devoção, como meu ser inteiro prostrado ante seus divinos pés de lótus,
Que Ele a aceite pela sua imaculada misericórdia, pois estou entregue a ele que é único em minha vida ...














XIX


Alma que guarda ainda o latim, o dialeto toscano, as vogais sibilantes do sussurro, língua diversa no metro de beira e mar de além, alma que repousa nas pedras do muro, nas pedras de outro astro, nas pedras e turquesas de um jardim qualquer, de praça turca, de valsa polaca e judia russa, de cheiro de vaca santa, de pensamento bruto como se no crânio pulsasse um nervo, como se nos olhos houvesse um osso, e na casa de defunto mesmo sem retrato ele permanecesse, alma que se banha na água fria, cachoeira e mar de penhasco, nos afluentes do inverno, nos afluentes do inverno, nos afluentes do inverno, alma que sabe das afinações dos alaúdes em segredo, de uma teorba em mãos de encanto, de um chifre feito cálice unguento ...


XX


Anseio minha alma de fogo neste ilê de barro honrar a oportunidade da coroa santa, da coroa mística e de magia e assim trazer a união entre todos os reinos vivos (espelho d’água do céu) ao reino humano, e entre o reino dos vivos e dos mortos coroar-se aos santos e tornar-me seu primeiro filho como na origem de tudo e ser de todos o portador da insígnia de sua ancestralidade terrena e cósmica e ser o súdito entre os homens em sues sítios sagrados, o dos santos e não dos homens,
e guardar seus mistérios pelos tambores,

Saravá Oxum mãe d’água das noites !














XXI

Que meu corpo vibre de sol mais velho
Que meu corpo arda de sol mais velho
Que meu corpo esteja vivo
Em oferta diante do sol mais velho
Que meu corpo revele sua mensagem
No mundo do lado de cá

Oxalufã

Senhor do sol mais velho
Dono de mim no corpo

Quero me tornar um velho caboclo de oxalufã
De longos cabelos brancos para a contemplação do poente
Esperado por rezas poemas e canções sagradas,

Oxalufã Orixalá !



XXII

Uma tradição patrística e matriarcal, congregacional e missionária, de confrades, compadres e comadres,
De rabinos reverendos e pastores, paróquia clerical e leiga,
Teologia discipular, forja de temperanças e oratórias, Cátedra de Deus

5.10.06

sem título não é um título

uma carroça nesta era de kali para as obras de quimbandaria e ciganagem
por todos os nomes de deus em todas as suas línguas...

reza e poesia

honras e louvores `aquela que habita em eternidade e resplandência
nas lagoas porque em sua vocação batismal pacifica-se minha besta,
louca para se lambuzar insaciável nos despachos e expurgos de tanta mundaneidade ...

4.10.06

reza

e que a força de todos os rios
nos levem ao mar de mãe d'água

e que os rios debaixo da terra levantem-se com a fúria das águas da purificação em abundância sem desperdício, em severidade e misericórdia,

e de onde nascem nos mistérios tragam o fértil crescente das opulências da senhora que tudo provê, senhora da terra escura e generosa, cacurucaia, negra e ancestral.

reza

nossa senhora do segundo parto,
nossa santa mãe de antes,
madre ancestre, santa escura da criação, seio da terra de fartura e nascente d'água,
fêmea-cosmos, galáxia-fêmea, porra-fêmea de buceta,
santificai madalena,
santa beata das dores do apocalipse, santificai também as nossas dores, dai-nos beatitude desde o corpo, desde a terra, desde o pó até o pó, santificai madalena, amai também a besta que desespera em nós, entrar dentro de você nos pacifica, santificai madalena !

reza é poesia

nesses dias frios em que a alma se espelha, nesses dias cinzas em que os olhos preferem fechar-se e a alma suplica pelo sono irmã da morte, nesses dias tristes para os tristes, nesses dias feios para os feios, nesses dias de tempo fechado e ruído
lembra dos irmãos de guarda que estão à frente seja tempo pensamento ou caminho

não há tempo ruim
porque não se trata da vontade humana
mas do orixá das épocas e dos temporais

reza é poesia

senhora do amor, senhora da bonança, voz de acalanto na noite escura da alma, adormeça nossa consciência em teu seio, acaricie também nosso animal
que a paz dorme eterna em teu leito ...

reza é poesia

uma linda cabocla de oxum
de longos cabelos negros
como as águas da noite

reza é poesia

andanças para propagar o verso de devoção, caminho de reveranças, a arte como presença no mundo, o improviso na arte como uma manifestação da impermanência, tornar sagrado o instante para a sagração das obras de venusaria com a ciganada de lei na linhagem de sara,
bardo das sereias de todas as águas, das fadas da terceira margem,

eu atravesso o rio na canoa, moço
porque de barco grande eu não sei quem está no timão.

reza é poesia

Possa o eterno em cantares encontrar morada
nesta terra entre aqueles que honrarão seus nomes em tudo
nos partos e ceifas do senhor das eras;

E as honras de um cigano de lei, devotos de sara, uma carroça repleta de camaradas, todos os tambores, propagando as artes e as tradições espirituais reconciliadas, salve a lei de pemba, a consciência humana em estado sublime, em aliança com os anjos e os devas da poesia, da paisagem, de todoas as línguas e das estranhas, das entranhas de deus.

26.3.06

sem título não é um título

Busco ser digno da poesia, que em timbre brasileiro lato escreve-se comigo, escreve-se com o mundo, escreve-se com aquele que são muitos (Elohim).
E deixo-me ir deste mundo cão, pois no fim da tarde minh'alma também se põe...
espero na porta a chegada de meu dono

o dharma da poesia

inventar as palavras sagradas para o nosso tempo, kaliyuga em transição civilizatória, em timbre brasileiro lato

Salve as almas

É vovó Maria Conga das Almas, uma santa senhora de Deus, quem está dando à luz meu espírito imortal e eterno nos desafios de minha alma tão antiga neste corpo de terra, forjado como barro para ser o ilê das antigas tradições entre os homens, jamais interrompidas, de onde emana em uma e mesma vibração, a expressão fluente da diversidade divina através de suas leis eternas.
E a rosa mística de meu coração, a flor de lótus de doze pétalas de meu ser eterno imortal e permanente, dedico eternamente à vovó maria conga das almas, minha mãe espiritual mística santa e de magia, e ofereço esta flor ao mundo para que a Terra mística e o planeta Terra tornem-se um só, como una é a plenitude do infinito sem início...
Que assim seja graças a Deus

carta cigana

Kaliyuga em transição civilizatória

Da estrada santa

Guido o Velho, cigano que guarda meus caminhos em nossa sanga, que eu seja digno de sua presença em minha coroa, e juntos possamos honrar nosso povo cigano ancestral...

Guido o Velho, cigano de beira de estrada, cigano de beira de rio, cigano de beirada de precipício, da escola da vida de muitas encarnações, cigano bem vindo de muitos lares, de muitas mulheres e poucos amores, com a alma repleta de chão, sabedor das línguas e seus sotaques, da arte do punhal e seus dois lados, dos desafios da palavra e seus dois mil lados, conhece o caminho de volta, atravessou o labirinto, velho caminhante de olhos escuros e uma pequena noite no olhar, do conclave dos sacis, parceiro dos cegos violeiros e do povo da encruza, o canto é eterno, o cantador apenas seu servo...
Guido o Velho, celebramos nosso Deus na floresta onde encontro em silêncio as leis internas da consciência, celebramos nosso Deus tornando sagrada a palavra pela poesia...
E entre outros de seu povo chamam-lhe o velho do oráculo, e lhe estendem a mão, e mesmo velho mesmo as mais belas entre elas lhe estendem as mãos...
E as cartas ciganas nos oferecem a oportunidade de cumprir um de nossos deveres prescritos, qual seja o de ser a expressão fluente da diversidade divina através de suas leis eternas...

Louvado seja nosso Deus por todos os seus nomes povos e aldeias
E Deus tenha misericórdia deste velho aprendiz.

Da Estrada Santa

Kaliyuga. Da Estrada Santa

Eu vou pela beira da estrada
Eu vou pela beira do rio
Quando chega na beirada
Eu vôo pelo precipício...

Da tradição dos ciganos cantadores, dos cegos violeiros, dos poetas miseráveis, dos que cantam na feira e catam seus restos com dignidade, dos que seguem o circo mas não para sempre, dos que usam da mão de exu na viola, no tambor e na navalha, dos que usam a mão de exu na despedida e no baralho, dos que pedem licensa nas encruzas e não demoram nas esquinas, dos que descansam nos telhados,
Da tradição dos que não ganham, da tradição dos que não perdem, da tradição dos que apenas trocam, dos que tocam o fundo do poço porque anseiam pela água clara e mais pura, mesmo que morram soterrados, e seus corpos na terra, despidos, junto da raiz do mais antigo baobá, crescendo até que transpasse a própria orbe da terra, e cresça ainda mais agora indiferenciado de tudo na escuridão, que sejamos dignos desta tradição, porque do lado de cá é tudo de barro, mas do outro lado o caminho não tem chão, e lá só chega o que o vento carrega, o que escorre na água, e lá só permanece o que o fogo não queima, porque também é fogo, e acaso entrar em desobediência o que não é fogo, vai arder em chama severa, e retornar à forja, calar-se em dor...

Os nomes de Deus em timbre brasileiro lato

Kaliyuga em transição civilizatória
Da calunga mística e santa e de magia

Exu caveira, joão dos mortos, joão dos renascidos, santo devoto dos esfarrapados, dos fudidos e mal pagos, dos encarcerados,
ao seu altar os humilhados erguem os olhos de novo, e se levantam do chão,
que sejamos um na encruza,
que sejamos um na calunga,
no abraço dos afogados, no tiro de misericórdia, na extrema unção dos desesperados,
exu caveira, joão da outra banda, mão severa de navalha, mão de bênção, lei da salva, mãe de abrigo para o filho de escurraça, mãe de colo para o filho de pirraça, mãe de fiar junto dos canalhas, nó de corda de enforcado, demônio dos profetas, lúcifer do cemitério, mercúrio dos silenciados, senhor das encruzilhadas, separa o que é injusto de estar junto, repara e ajunta até ficar justo de novo, diabo de ogum, anjo do ventre da morte, poeta das sibilas, anjo satã, santo adversário...
salve a lei de quimba...

Os nomes de Deus em timbre brasileiro lato

Kaliyuga
Da encruza mística e santa e de magia

Zé dos pilantras, satã de madame,da vadiagem santa, do ócio criativo,
que sejamos um na encruza, batuqueiro de roda de santo, partideiro de ponto cantado, dança como mulher, luta como homem, capoeira nataraja, bate o candongueiro, joga o seu baralho, risca sua pemba, dorme no telhado, criolo de cacurucaia, marginália sagrada, da laia de lázaro, anjo quilombola, da vanguarda macumbeira, mandingueiro de reza e curimba, pemba e tambor, da conjura dos pretos-velhos, samba de encantado, gênio do que o povo sabe...
Salve a lei de Quimba...

invocação de cristo

Cristo dos leprosos
Cristo dos enfermos
Cristo dos cegos e aleijados
Cristo das putas
Cristo dos ladrões
Cristo da Ressurreição...

Vinde até nós e dai-nos a vida eterna.

Amém

17.2.06

orat

Que deus esteja conosco por todos os seus santos nomes
e que sua Presença entre nós seja louvada em Labor e Oração,
E que nosso Senhor tenha misericórdia deste velho aprendiz,
Que assim seja graças a Deus.