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26.3.06

Kaliyuga. Da Estrada Santa

Eu vou pela beira da estrada
Eu vou pela beira do rio
Quando chega na beirada
Eu vôo pelo precipício...

Da tradição dos ciganos cantadores, dos cegos violeiros, dos poetas miseráveis, dos que cantam na feira e catam seus restos com dignidade, dos que seguem o circo mas não para sempre, dos que usam da mão de exu na viola, no tambor e na navalha, dos que usam a mão de exu na despedida e no baralho, dos que pedem licensa nas encruzas e não demoram nas esquinas, dos que descansam nos telhados,
Da tradição dos que não ganham, da tradição dos que não perdem, da tradição dos que apenas trocam, dos que tocam o fundo do poço porque anseiam pela água clara e mais pura, mesmo que morram soterrados, e seus corpos na terra, despidos, junto da raiz do mais antigo baobá, crescendo até que transpasse a própria orbe da terra, e cresça ainda mais agora indiferenciado de tudo na escuridão, que sejamos dignos desta tradição, porque do lado de cá é tudo de barro, mas do outro lado o caminho não tem chão, e lá só chega o que o vento carrega, o que escorre na água, e lá só permanece o que o fogo não queima, porque também é fogo, e acaso entrar em desobediência o que não é fogo, vai arder em chama severa, e retornar à forja, calar-se em dor...

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