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8.12.06

Alma - fêmea companheira, alma fálica, minha alma porta punhal e cálice, mar e tridente, liras e tambores, dores e línguas, e uma vontade de tornar-se flor, alma de devoção e morte, filho das yabás e obaluayê, filho de clara e de santa sara escura, aos pés de uma senhora samambaia, alma fálica de exu, alma fálica de shiva, alma fálica de muitos cornos, alma cálice de sangue Pai...
Casa de muitas moradas, nossa casa comum de senhora, alma de muitas asas, alma de encanto pelas fadas, alma de muitas pétalas, alma que lamenta não tornar-se ainda sol, alma de muitos timbres, alma de azulejos, alma de barro vermelho, alma de muitos expurgos e adereços putrefatos, alma esposa de exu para as obras de quimbandaria, alma que habita as encruzilhadas, alma de calunga, alma que habita os expurgos de sangue de todas as fêmeas, alma que habita o mangue, o cárcere místico, o muro devocional, a queda dos pássaros, a forja das taças e espadas, alma de Hades e Belém, alma de retorno à Meca, alma de Israel e Aruanda, alma de arruaça, alma de vadiação e tambor, alma confessa repleta de chagas, alma confessa repleta de chagas ...


Uma mesa para exu
Com toda a fartura deste mundo
Exu devorador do cosmos e das galáxias

E os compadres com o beiço ardendo de cachaça
De beiçada no charuto
Se lambuzando na farofa
Com o beiço cheio de gordura

Um banquete dos demônios
Para os senhores da saciedade

Exu satisfeito arrota na mesa
Que nem os árabes do deserto


Santa sara negra
De exu e sereia
Do mar de quebraria

Santa sara negra
De encantaria e acalanto

Do perdão de coisa feita bruta
Prece travessia
Feito mar de santo

Santa sara negra
Do traçado das rotas

Santa sara negra
Do encanto da encruza

Santa sara negra
De navalha severa de calunga

Santa sara negra
Santa milagreira

O parto da alma também sangra
As mães desse segundo parto
Também urram de dor
E suas bucetas místicas também se arrebentam
Se a alma não é pequena

A alma também se recobre de chagas
Quando a dor é tamanha

A alma também apodrece
Se o corpo é cárcere e não o templo

A alma também se recupera
E nasce de novo

Santa sara negra
De exu e sereia

Traga minha alma diante do sol
E aceite meu templo
Porque eu também sou seu filho
Mesmo com a alma repleta de chagas e humanidade tardia










Desejo em fraternidade e compadrio
A visita das que guardam as escolhas

A visita das que aceitam
Vela marafo e água doce

Das que honram as mãos
Para as obras de justiçaria

Das escolhidas por honra e beleza
Para receberem o caralho de deus


Tarde que resplande
E adorna o alto
Com seu manto de luz
E natureza que arregaça

Queria ser poeta sempre
Para gritar gozando em santidade
Pela presença do espírito - fêmea e santa em tudo
Desde o céu de todas as crenças até o chão do planeta


Quero cantar também o fado das almas,
Arrenda teu canto de chão nas esquerdarias pois que sempre há de vir a ceifa justa, se não tem outro , remenda,
Pomba gira é de renda e namoro, exu tem os chifres de ouro e o rabo de prata e uma lança de três dentes debaixo da capa preta exu ostenta seu caralho nos assentamentos

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