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9.4.05

as quatro ecologias

Este opúsculo inscreve-se voluntariamente com entusiasmo ( OS DEUSES E DEUSAS INTERNOS VIVOS EM MINH’ALMA PAGÃ ) no paradigma político-econômico da Doação, das Redes de Trocas, e da Sócio-Economia Solidária.
Ele pretende ser um dos articuladores de minha manipulação sapiençal, que pode ser compartilhada e enriquecida através de Encontros Dialógicos (individual) e/ou Círculos Holísticos (coletivo). Ambos têm como vocação :

 Estudar os principais textos e autores representativos da holística e desenvolver, através da experimentação, a consciência do novo paradigma holístico ;

 Experimentar, em conjunto, caminhos vivos de condução à vivência holística ;


 Exercitar a transdiciplinaridade e promovê-la na sociedade ;

 Estudar os textos básicos das grandes tradições espirituais, focalizando sua consciência e complementaridade com as ciências, artes e filosofias de vanguarda ( e não “vã guarda”) ;

 Celebrar a vida em toda a sua plenitude com simplicidade ;




As Quatro Ecologias
Uma abordagem holística do humano, da natureza, do cosmos e do sagrado

Sobre a Abordagem Holística : O Paradigma Holístico :
A abordagem holística pretende estabelecer pontes sobre toda espécie de fronteira e de reducionismo, insistindo no trânsito entre ciências, artes, filosofias e tradições espirituais, conforme nos diz Pierre Weil. Etmologicamente significa totalidade, do grego holos. Refere-se `a uma compreensão da realidade em função de totalidades integradas cujas propriedades não podem ser reduzidas `a unidades menores, conforme nos ensina Fritjof Capra.
A abordagem holística tal como a instituímos não se confunde com a interdisciplinaridade e/ou com a multidisciplinaridade, sendo a transdisciplinaridade admitida desde que exercida como meio (e não como fim em si mesmo nem como desespero disciplinar de sobrevivência) para a superação do paradigma disciplinar. A voz do teólogo (Leonardo Boff) torna-se complementar : “(...) o holismo (...) não significa a soma dos saberes ou das várias perspectivas de análise. Isso seria uma quantidade. Ele traduz a captação da totalidade orgânica e aberta da realidade e do saber sobre esta totalidade. Isso representa uma qualidade nova”.

Seguem-se algumas outras sínteses do paradigma holístico citado por Pierre Weil e Roberto Crema :

 “este paradigma considera cada elemento de um campo como um evento que reflete e contém todas as dimensões do campo
(metáfora do holograma). É uma visão na qual o todo e cada uma de suas sinergias estão estreitamente ligados, em interações
constantes e paradoxais” (constante na Carta Magna da Universidade Holística Internacional) ;

 “A natureza do átomo não é dada simplesmente por ele, isoladamente, mas por sua interação no seu Universo envolvente : a realidade física consiste de envolvimento, superposição e de sistemas dinâmicos e interativos de energia. Enfim, nenhum elemento possui real identidade e existência fora do seu entorno total ; os nossos conhecimentos são provenientes de nossa própria participação e interação nos processos do Universo, o que nos habilita a contribuir para o aprimoramento desses processos, através da dimensão qualitativa da consciência ; além da análise, a síntese é central na compreensão do mundo : conhecer algo implica em saber sua origem e finalidade ; a matéria não é passiva ou inerte, já que é dotada de energia e intencionalidade ; os elementos inanimados se organizam em complexos sistemas de interação. O universo é uma realidade auto-organizante : é total e inteligente “ (Brian Swimme) ;

 “A consciência ordinária compreende apenas uma parte pequena da atividade total do espírito humano ; a mente humana estende-se no tempo e espaço, existindo em unidade com o mundo que ela observa ; O potencial de criatividade e intuição são mais vastos do que ordinariamente se assume ; A transcendência é valiosa e importante na experiência humana e precisa ser abrangida na comunidade orientada pelo conhecimento “(Stanley Krippner) ;

Trata-se ainda de uma abordagem que recusa a estúpida pretensão do monopólio disciplinar sobre o conhecimento.

Vocação Existencial : perfil místico : carta do caminho : do céu e da terra :
A Grande Obra : Opus Vitae



Em seu livro O Destino do Homem e do Mundo (Ensaio sobre a Vocação Humana), Leonardo Boff apresenta uma das questões fundamentais para o conhecimento de si, dos outros e do mundo :
“Que voz se faz ouvir dentro da vida do homem e do mundo que constitui a cantiga essencial e o sentido profundo do mundo e do homem ? A que eles são chamados e vocacionados ? “

Nas teias da abordagem holística da realidade, este texto propõe que estamos sendo chamados (vocação, etmologicamente) neste planeta, neste tempo e lugar para :

Reconhecer nossa própria dimensão divina e exercê-la na terra
(Ecologia do sagrado)

Nas teias da tradição da kabbalah :
“A função de Adão Kadmon, diz-se, é agir no mundo manifesto como contínuo contrapeso ao lado imanifesto da existência. Este processo está em ação AGORA, neste exato instante, sendo cada momento um drama universal de contrabalanço contínuo. A escala deste equilíbrio é de tal ordem que cada acontecimento está envolvido, do mais vasto evento cósmico à menor ocorrência à beira do vazio” (Z’ev ben Shimon Halevi) ;

Nas teias da tradição da alquimia, a partir da idéia da re-união de muitas coisas em uma unidade, estamos sendo chamados para
“que todos sejam um em um círculo” ;

Nas teias da tradição crística, tal como recebida e transmitida pelo incorruptível teólogo e sacerdote Leonardo Boff :
“O homem é invocado a ser totalmente ele mesmo na realização de todas as capacidades que latejam dentro de sua natureza. Ele é constituído como um nó de relações voltado para todas as direções, para o mundo, para o outro e para o absoluto” ;

Nas teias da psicologia analítica : “Uso a palavra individuação para designar um processo através do qual um ser torna-se um ‘individuum’ psicológico, isto é, uma unidade autônoma e indivisível, uma totalidade (...) trata-se da realização do seu si-mesmo (...) A individuação não exclui o universo, ela o inclui”. (Jung)


Acolhendo as tradições, transformando-as pela experiência própria (o vaso hermético) e transmitindo ao mundo em linguagem holística, estamos vocacionados ao desenvolvimento do potencial humano – “espaço infinito do possível” – em toda a sua plenitude.












ecologia das gerações

Nas teias de uma tradição oriental :
“Não imite os antigos, procure o que eles procuraram”
(Bashô, poeta samurai japonês ancestral, na tradução de Paulo Leminski, poeta curitibano do século vinte)

Nas teias da Kabbalah :
“O Adão do Mundo das Formações é, como o nome implica, as várias formas e variedades de homens. Descrito às vezes como um Mundo Aquático, adapta e modifica o arquétipo suprido pelo mundo acima para ser utilizado no mundo abaixo. Enquanto pensamos no Adão beriático como a humanidade, o Mundo Yezirático representa suas manifestações em constante mutação, através do fluxo das gerações, cada qual com seu ajuste particular à época e ao lugar (...) o hebreu, o gordo, o magro, grande ou pequeno, chinês, negro ou escocês são apenas formas das variações de um arquétipo”. ( Z’ev ben Shimon Halevi) ;

Nas teias da Psicologia analítica (Jung) :
“Enquanto trabalhava em minha árvore genealógica, compreendi a estranha comunhão de destinos que me ligava aos meus antepassados. Tenho a forte impressão de estar sob influência de coisas e problemas que foram deixadas incompletas e sem resposta por parte de meus pais, meus avós e de outros antepassados. Muitas vezes parece haver numa família um carma impessoal que se transmite dos pais aos filhos. Sempre pensei que teria de responder a questão que o destino já propusera a meus antepassados, sem que estes lhe houvessem dado qualquer resposta; ou melhor, que deveria terminar ou simplesmente prosseguir, tratando de problemas que as épocas anteriores haviam deixado em suspenso. Por outro lado, é difícil saber se tais problemas são de natureza pessoal ou de natureza geral (coletiva). Parece-me ser, este último, o caso.
Enquanto não é reconhecido como tal, um problema coletivo toma sempre a forma pessoal e provoca, ocasionalmente, a ilusão de uma certa desordem no domínio da psique pessoal. Efetivamente, tais perturbações ocorrem na esfera pessoal, mas não são necessariamente primárias : são secundárias e decorrem de uma mudança desfavorável do clima social. Nesse caso, portanto, não se deve procurar a causa da perturbação na ambiência pessoal, mas sim na situação coletiva. A psicoterapia ainda não levou em conta, suficientemente, estas circunstâncias”.


Qual o desafio coletivo que herdamos de nossos antepassados, principalmente pais e avós ?

Estarmos juntos no mundo de um outro modo, superando o modelo atual de família e demais instituições manicomiais como escolas, empresas, governos etc. (que impedem o pleno desenvolvimento do potencial humano) ;

Oferecer aos nossos filhos e seus contemporâneos a oportunidade de serem uma outra presença humana no planeta (transição civilizatória) ;

Ser um (a humanidade e todas as outras formas de vida – biodiversidade) em um círculo (o planeta Terra, seu satélite a lua, sua estrela o sol, seu sistema planetário, suas galáxias e o cosmos todo) ;










ecologia de si mesmo
(“Conhece-te a si mesmo e conhecerás o teu destino”)

O arquétipo do buscador de si mesmo tem vários nomes e manifestações : O Louco do Tarot, O Alquimista, Adão, O Aprendiz das tradições iniciáticas etc .

Nas teias da Kabbalah :
“O Adão asiyyático é você e eu. O Adão encarnado (...) Embora presos à Terra e divididos por sexo, os humanos possuem todos os outros Adãos dentro de si enquanto residem de modo temporário em Asiyyah. A tarefa, ao que parece, seria a administração da Terra (...) isto requer não apenas subirmos pela escada de árvores de jacob que se estende entre o céu e a Terra, mas também atuarmos como participantes conscientes nos Mundos mais elevados, ajudando assim a Presença de Deus a se manifestar abaixo (...)”

ou ainda :

“A vida na terra é dura. Disto não se tem dúvida, mas a tradição esotérica diz que sob estas condições cruéis e máximo constrangimento físico, consegue-se muito com rapidez, o que não seria possível nos mundos superiores. O prazer e a dor do corpo são situações de aprendizado vitais para a psique (...) a alma encarnada está em posição única pois tem a oportunidade de examinar o mundo asiyyático (da manifestação) através do corpo (...) conhecer pela existência tangível do nosso corpo (...) se queres perceber o invisível, observe o visível” Z’ev Ben Shimon Halevi ;

A ecologia de si mesmo pode ser realizada :

 Sendo um aprendiz na arte do conhecimento de si mesmo :

“Tanto nossa alma como nosso corpo são compostos de elementos que já existiam na linhagem dos antepassados. O ‘novo’ na alma individual é uma recombinação, variável ao infinito, de componentes extremamente antigos. Nosso corpo e nossa alma têm um caráter eminentemente histórico e não encontram no ‘realmente-novo-que-acaba-de-aparecer’ lugar conveniente, isto é, os traços ancestrais só se encontram parcialmente realizados. Estamos longe de ter liquidado a idade média, a antiguidade, o primitivismo e de ter respondido às exigências de nossa psique a respeito deles (...) mas é precisamente a perda da relação com o passado, a perda das raízes, que cria um tal ‘mal estar na civilização(...)
Quanto menos compreendermos o que nossos pais e avós procuraram, tanto menos compreenderemos a nós mesmos, e contribuímos com todas as nossas forças para arrancar o indivíduo de seus instintos e de suas raízes (...)” (Jung)

O que nossa alma ancestral está exigindo ?

Comunhão com o mundo natural e espiritual

Na tradição da umbanda esotérica, os componentes ancestrais de nossa alma estão presentes em nosso carrego de santo. Um dos caminhos para integrar essas dimensões de nossa alma ancestral é frequentar com mais assiduidade os lugares onde são possíveis a vivência dessas energias, essas forças vibratórias, os orixás. Os orixás não estão simplesmente nesses lugares, eles são inclusive esses próprios lugares, eles são aquela força vibratória dos lugares, são aquela emanação original dos lugares e seus seres vivos em toda a sua diversidade (da pedra ao pavão, das águas subterrâneas ao clima) .
O mundo e seus lugares são a presença divina em estado de emanação permanente, e estar nesses lugares em comunhão com essa vibração original e permanente é uma das exigências de nossa alma ancestral.
Nesse caminho encontram-se as tradições espirituais (umbanda esotérica, xamanismo, bruxaria, magia natural) e a ecologia profunda (não se trata de simplesmente preservar o ambiente, mas viver em comunhão com os ciclos desses lugares). Mas não se trata simplesmente de estar nesses lugares, sem entregar-se. Nossa alma ancestral deseja ardentemente ( o fogo interior ) que sejamos um nesses lugares com sua vibração original e toda sua diversidade da vida.

A ecologia de si mesmo pode ser realizada :

 Vivendo a experiência da alquimia interior : a reunião de elementos distintos em uma unidade

Pois como escreveu Heráclito :
“O uno que em si memo se diferencia”

ou Lao Tse :
“Ambos são idênticos em sua Origem e distintos tornam-se seus nomes ao se tornarem manifestados”

Em linguagem científica intelectualizada, Edgar Morin também notou a complexidade da unidade manifestada no humano :
Enquanto pessoas cósmicas - “Encontramo-nos no gigantesco cosmos em expansão, constituído de bilhões de galáxias e de bilhões e bilhões de estrelas”;
Enquanto pessoas físicas - “Uma porção de substância física organizou-se de maneira termodinâmica sobre a Terra; Por meio de imersão marinha, de banhos químicos, de descargas elétricas, adquiriu vida”;
Enquanto pessoas terrestres - “Como seres vivos deste planeta, dependemos vitalmente da biosfera terrestre”;
Enquanto pessoas humanas - “Somos originários do cosmos, da natureza, da vida, mas, devido `a própria humanidade, `a nossa cultura, `a nossa mente, `a nossa consciência, tornamo-nos estranhos a este cosmos, que nos parece secretamente íntimo. Nosso pensamento e nossa consciência fazem-nos conhecer o mundo físico e distanciam-nos dele. O próprio fato de considerar racional e cientificamente o universo separa-nos dele. Desenvolvemo-nos além do mundo físico e vivo. É neste ‘além’ que tem lugar a plenitude da humanidade”.

Portanto, a alquimia ( do árabe ul khemi – química da natureza) consiste em :

# reunir e manifestar na plenitude de nosso ser as quatro funções psíquicas (intuição, razão, sentimento e sensação ), pelas teias da Psicologia Analítica ;
# reunir e manifestar na plenitude do nosso ser os quatro elementos simbólicos imanentes aos seres humanos (fogo, ar, água e terra), pelas teias da alquimia ;
# reunir e manifestar na plenitude de nosso ser os quatro animais herméticos (leão, águia, homem e touro), que pelas teias ocultas das Escolas Iniciáticas significam : conscientizar-se da sua missão no esquema do plano divino para a terra e trabalhar neste sentido, em contato com o Eu superior (naipe de paus); libertar-se das ilusões dos mundos inferiores e chegar a um novo nascimento espiritual (naipe de espadas); elevar o inferior, transmitindo-lhe por meio do sacrifício (etmologicamente tornar sagrado), aquilo que foi recebido do alto (naipe de copas); estabelecer pontos de apoio nos planos inferiores para realizar o contato com os planos superiores (naipe de ouros).
E ainda, na tradição kabbalística da árvore da vida, viver as experiências dos quatro mundos da árvore sefirótica : azilut (mundo das emanações, Beriah (mundo das criações), Yezirah (mundo das formações), Asiyyah (mundo das manifestações).

O êxito dessa re-união de elementos distintos em uma unidade (alquimia) foi expresso de diversas maneiras segundo as diferentes tradições : nirvana, reino do pai ou dos céus, êxtase, experiência mística, consciência cósmica, O SI-Mesmo / Aion (Jung), O Uróboros etc

A alquimia também consiste em :
# articular a pesquisa, a criação e o ensino dos quatro campos do conhecimento humano (tradições espirituais, filosofias, artes e ciências) através da transdisciplinaridade.

Como não se comover com o Laboratório dos alquimistas, que no étimo também pode significar Labor e Oração ?





A arte em geral, e a poesia em particular, são por si mesmas caminhos alquímicos ( “... Se é que há grandes poetas neste mundo fora do silêncio de seus próprios corações” – F. Pessoa ) :

“Heurese surprise : l’ésotérisme contemporain s’exprime poétiquement”
“Il ne s’agit pas de décrire une iniciatiton mais de s’initier en décrivant”


Dos poetas recebo e transmito a poesia :

reza é poesia do mundo que é reza da vida :

Augusto de Campos : “(...) uma das funções básicas da poesia é a de incentivar a desautomatização da linguagem contratual, útil e eficaz para a comunicação pragmática, mas insuficiente para captar toda a gama de sensibilidade e pensamento de que é capaz o ser humano” ;

Fernando Pessoa / Ricardo Reis : “Um poema é a projeção de uma idéia em palavras através da emoção. A emoção não é a base da poesia : é tão somente o meio de que a idéia se serve para se reduzir a palavras” ;

Jung : “A experiência poética, autêntica, aflora de regiões profundas da alma, salutares e benéficas, pré-existentes à segregação das consciências individuais, e que, a partir desse regaço coletivo, seguiram os seus passos dolorosos. Brota dessas regiões onde todos os seres vibram ainda, em uníssono, e onde consequentemente a sensibilidade e a ação do indivíduo valem para toda a humanidade”.



A ecologia de si mesmo pode ser realizada :

 Vivendo a experiência da re-união da espiritualidade com a sexualidade através do amor tântrico e universal (ecologia social, ecologia do outro) ;

Abram-se aspas para osho : “O amor é um caso individual com outro indivíduo. Religiosidade é um caso de amor maior do indivíduo em direção ao cosmos todo” ;

Os poetas não se calam em mim : “amar se aprende amando” (Carlos Drummond de Andrade) ;

A ecologia de si mesmo pode ser realizada :

 Alcançando e mantendo um padrão econômico sustentável conciliando vocação e profissão

Bentto de Lima : “Entendemos por vocação um impulso que tem origem na profundidade do psiquismo, em condições de liberdade, semi-independente do condicionamento cultural exterior e mais comprometido com a criatividade imaginativa. Noutras palavras, queremos dizer que alguns atos humanos não são determinados por sua necessidade imediata ou pelas limitações do meio. Por vocação chamamos as atividades criativas nas quais se observa que a necessidade do fazer suplanta a necessidade do produto. Tal acontece na obra de arte, da experiência mística e da participação histórica consciente, atividades que gratificam pelo próprio processo de realização e não em função da utilidade do produto terminado ou do lucro obtido pela usurpação da mais-valia. (...) Uma vocação se sacraliza quando assumida inteiramente, tornada real, atualizada e radicalizada. Neste caso, ela não admite dividir atenções com outras atividades e absorve por completo o homem. Assumi-la significa realizar o que é mítico, uma forma de se lançar na meta da plenitude. Sua manifestação não se faz, contudo linear e contínua, geralmente ocorre em lapsos durante a existência, constituindo os momentos de criatividade e/ou momentos de transe”.

A ecologia de si mesmo pode ser realizada :

 Realizando e participando de iniciativas de transição civilizatória (uma outra presença humana no planeta e além dele, “mais ampla do que a reforma, mais profunda do que a revolução” ) :

# Transição civilizatória tem a ver com a chamada Nova Era, que nas palavras precisas de Pierre Weil (por mim editadas) “significa um movimento holístico de renovação de valores fundamentais da nossa sociedade, através de uma mudança de paradigma.
Traduz-se por :

 um aspecto ecológico profundo, de respeito e comunhão com a natureza e seus ciclos, que não existem para atender necessidades do ego humano ;
 um retorno `a simplicidade da existência : “tudo é necessário, nada é indispensável”, transmite a tradição dos iogues ;
 uma seleção criteriosa e consciente dos verdadeiros aspectos positivos do progresso técnico em relação a estes valores holísticos;
 o desenvolvimento interior : “O silêncio é o espaço interior de que precisamos para crescer” ; O Arcano Arquetípico do Eremita ;
O Deserto Místico (segundo Trigueirinho) : “(...) Simbolicamente , é andando sobre as areias quentes, experimentando as noites frias e enfrentando os vendavais desse deserto que o indivíduo constrói em si mesmo uma base sólida (...) No plano físico, os desertos são um fator de equilíbrio para o desperdício comumente perpetrado nesta civilização. O estado de espírito que lhes corresponde emerge no ser quando ele busca reencontrar esse equilíbrio em si próprio. Em alguns casos, ao se aprofundar nessa busca, o ser desperta para o estado representado pelo cume de uma montanha, onde o despojamento do deserto se alia à leveza e `a sutileza das alturas” ;
 o desenvolvimento de comunidades que apresentem as condições favoráveis a esta evolução e estimulem-na ;
 a não-violência ;
 uma economia, educação e medicina holísticas ;
 uma política holística etc. ;

# Transição da Terra (do Glossário Esotérico, de Trigueirinho) : “Fase de preparação mais intensa de uma nova humanidade e uma nova Terra (...) em que se fazem mudanças profundas, entre as quais se destacam : a sutilização da vida planetária, a reestruturação dos níveis de consciência, a mudança da inclinação do eixo da Terra, a reconfiguração dos continentes e mares, o implante do novo código genético na parcela da humanidade que prosseguirá na Terra ou em mundos mais evoluídos, o relacionamento aberto do ser humano da superfície terrestre com civilizações intraterrenas e extraterrestres evoluídas e a maior integração do planeta na vida solar e cósmica”

Um comentário:

Dan disse...

Namastê Guilherme,
Adorê as almas!
Seu texto, como a vida, se organiza numa multiplicidade de fontes em crescente complexidade, revelando a unidade do amor. Grato.
Mitakue Oassim!